domingo, 14 de agosto de 2016

A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO AFETIVO NO CONTEXTO ESCOLAR


Clério Cezar Batista Sena
Daciene Sousa dos Anjos



RESUMO

Esta pesquisa tem como principal objetivo relacionar as questões das aprendizagens significativas frente ao trabalho do educador e a sua interação com o educando, bem como da importância da motivação quando relacionada aos conhecimentos prévios que são adquiridos através da interação com a família, amigos ou a própria cultura e isso contribui para a aquisição de valores, comportamentos e habilidades perante a sociedade. A importância do vínculo afetivo como uma característica relevante é importante por favorecer o envolvimento do educador com o educando e como consequência a obtenção do aproveitamento e apreensão das aprendizagens profundas. É pertinente criar ambientes apropriados que favoreçam o desenvolvimento e compreensão, contribuindo para o seu processo de aprendizagem e apriomoração dos conhecimentos prévios, bem como da prática de ensino coordenada pelo educador. É importante que o educador desenvolva sua metodologia de ensino, visando o aperfeiçoamento e o desenvolvimento do educando, frente às questões que são relevantes para a sua formação como cidadão completo.

Palavras-chave: Educador. Educando. Vínculo. Afetividade. Ensino.

1 INTRODUÇÃO

O tema “A importância do vínculo afetivo no contexto escolar” é importante, pois se observa que a principal dificuldade tanto do educador quanto do educando está relacionado com as questões das aprendizagens significativas, que é aquele aprendizado que acompanha o aluno durante toda a vida e é responsável por adquirir valores importantes para a sua formação.
Por ser um assunto atual, debatido em todos os setores escolares, acredita-se na relevância do tema frente às questões de aprendizagens, pois cabe ao educador criar um ambiente motivador que facilite o processo de ensino dos alunos tendo como principal objetivo verificar e entender o papel que a afetividade e o vínculo afetivo ocupam em relação ao ensino e a aprendizagem.
Serão apresentadas as aprendizagens segundo a visão do construtivista Vigotsky, no qual ele enfatiza a importância da interação social com o meio em que a criança vive ou a interação com outro colega mais experiente para favorecer o seu desenvolvimento.
Baseado no teórico Codo, o vínculo na aprendizagem será enfatizado com a finalidade de auxiliar tanto o aluno quanto o professor referente às questões das aprendizagens, contribuindo desta forma com uma relação amigável, afetiva e emocional entre o docente e o discente. Para isto é importante que o professor trabalhe em conjunto com a escola e a comunidade oferecendo meios que os auxilie no seu desenvolvimento cognitivo e social.
A prática educativa será abordada como um processo no qual o educador desenvolverá suas metodologias de aprendizagem em relação à sala de aula, enfatizada e baseada no autor Zabala.
Por fim, será exposto o papel do educador frente às atividades que terão que desenvolver como professor, bem como o seu comprometimento com os seus alunos diante das exigências de sua profissão.
Desta forma, o assunto em questão é importante por ser crítico e atual. E sua relevância se explica baseado no vínculo existente entre o docente e o discente que contribui para o desenvolvimento de suas aprendizagens e o seu desenvolvimento intelectual, cognitivo e cultural.


2 O VÍNCULO AFETIVO: FAVORECIMENTO DE UMA BOA PRÁTICA EDUCATIVA

Qualquer trabalho que uma pessoa queira realizar requer algum envolvimento afetivo por parte do trabalhador, e isto não é diferente se comparado com o educador, ou seja, para que o educador consiga o fruto de seu trabalho, isto é, a aprendizagem significativa por parte de seus alunos é necessário que seja estabelecido entre eles uma relação afetiva, regada com bastante carinho, respeito, confiança tendo como meta principal a preparação do educando para a vida futura e de maneira que este aluno possa contribuir com sua aprendizagem seja expressando sua opinião ou desenvolvendo habilidades que irão auxiliá-lo na sua compreensão de mundo.
Segundo Codo (2006, p. 78) “A atividade de educar, como já se viu exige do educador o estabelecimento de um vínculo afetivo e emocional com o objeto de seu trabalho: o aluno. ” O vínculo afetivo além de cooperar para o desenvolvimento intelectual do educando favorece a aproximação, através do diálogo, compreensão incentivando o aluno a ser mais comprometido com as aulas.
Todavia, além da afetividade outras estratégias devem ser desenvolvidas, como por exemplo, envolver e motivar os educandos enfatizando-lhes que eles possuem um papel importante em relação a sua própria aprendizagem, destacando a relevância de sua participação, interação e motivação pelas aulas.
Através do vínculo afetivo o docente inova, aperfeiçoa e desenvolve suas metodologias de ensino estimulando, desta forma, o discente a participar e sentir-se integrante da prática educativa que o motiva e o constroem constantemente. “Esta sedução, esta conquista, envolve um enorme investimento de energia afetiva, canalizada para a relação estabelecida entre aluno e professor. [...] é mediante o estabelecimento de vínculos afetivos que ocorre o processo ensino – aprendizagem.” (CODO, 2006, p. 50).
A partir do vínculo afetivo a aprendizagem ocorre de maneira prazerosa e o processo ensino/aprendizagem se desenvolve de maneira mais eficaz. É importante ressaltar a relevância de o educador expor aos seus alunos os objetivos e a utilidade de tal conteúdo, pois como existe este vínculo, esta ligação entre eles isto motivará os alunos pelo conteúdo proposto mesmo que naquele momento o assunto não pareça proveitoso.


2.1 O VÍNCULO AFETIVO E A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA



É pertinente a motivação, o envolvimento, o interesse e a vontade de aprender em relação ao assunto em questão para que seja desenvolvida a aprendizagem significativa, pois se não existe este envolvimento o aluno poderá até saber para aquele momento, mas logo após algum tempo irá esquecer, pois não ocorreu a aprendizagem significativa.
Conforme Codo (2006, p. 78) “O afeto e a emoção necessários para veicular à atividade de cuidar e ensinar os alunos são um tipo de vínculo que se concretiza sob determinadas condições existentes nas escolas.” Diante disto é relevante enfatizar a importância da escola para o favorecimento da aprendizagem com significado para os alunos oferecendo-lhes suporte, apoio e projetos que contribua para uma maior aproximação e envolvimento emocional e afetivo entre educador e educando.
Alguns autores consideram a aprendizagem como importante instrumento de desenvolvimento responsável pela interação da criança com o adulto. O processo de ensino-aprendizagem que acontece na escola, e que a criança irá desenvolver ao longo dos anos escolares, possui um papel importante quando relacionados aos conhecimentos prévios, no qual a criança leva consigo ao ingressar em uma Instituição Escolar.

A aprendizagem é fundamental para o desenvolvimento desde o nascimento da criança. A aprendizagem desperta processos internos de desenvolvimento que só pode ocorrer quando o indivíduo interage com outras pessoas. O processo de ensino-aprendizagem que ocorre na escola propicia o acesso dos membros imaturos da cultura letrada ao conhecimento construídos e acumulados pela ciência. (CASTORINA, 1996, p. 33).

Através do processo de ensino aprendizagem o educar se completa, pois tanto o educador quanto o educando desenvolve esta relação de afetividade e aprendizagem e como consequência o desenvolvimento de competências e habilidades necessárias para o entendimento profundo referentes ao ensino. Por isso, Castorina (1996, p. 58) afirma que “ensino e aprendizagem passam a fazer parte de um todo único, indissociável, envolvendo quem ensina, quem aprende e a relação entre essas pessoas.”
Para que ocorra a aprendizagem significativa dos alunos e, portanto o seu aprendizado particular é necessário que se desenvolva procedimentos que ofereçam a estes assistências nas instruções e instrumentos pelo o qual este consiga compreender a leitura, a escrita, isto é, a construir o seu próprio conhecimento, além de aprender a se comunicar com as pessoas, seja através de registros ou pela a própria comunicação.
Conforme Castorina (1996, p. 62) “a intervenção do professor tem, pois, um papel central na trajetória dos indivíduos que passam pela a escola.” Com isso, Castorina enfatiza a importância que a intervenção do professor produz quando integrado à construção do conhecimento por parte do aluno com a orientação e mediação do professor.
Sendo assim, o educador poderá intervir nas situações de aprendizagens existentes no ambiente escolar, conversando, cooperando, instigando e até mesmo desafiando os alunos para desenvolverem as sua própria aprendizagem, despertando nos alunos o censo crítico, a autonomia, a reflexão, a imaginação, a criatividade e a compreensão diante de fatos e acontecimentos posteriores que os alunos poderão enfrentar no decorrer da vida escolar, profissional ou até mesmo familiar.


2.2 O EDUCADOR E O VÍNCULO AFETIVO E EMOCIONAL

Para que o indivíduo aprenda significativamente é necessário que este esteja envolvido integralmente em uma comunidade, por isso a importância da socialização e o conviver juntos entre as pessoas.
É na infância a principal fase na qual a criança se comunica, realiza tarefas e até mesmo repete informações e expressões de acordo com o entendimento do adulto mais próximo da criança, seja os familiares ou educadores. Desta forma, o professor tem o papel de estimular situações que provoquem o aluno a desenvolver suas habilidades com as quais eles não conseguiriam, caso estivesse sozinho.
De acordo com Codo (2006, p. 50) “se esta relação com os alunos não se estabelece, se os movimentos são bruscos e os passos foras de ritmo, é ilusório querer acreditar que o sucesso do educar será completo.” Diante disso, faz-se necessário que se desenvolva entre educador e educando esta relação afetiva de forma que o processo de ensino e aprendizagem possa se concretizar de maneira eficaz e de forma significativa.
Segundo Castorina (1996), baseado no Construtivista Vigotsky o trabalho em grupo é enfatizado como um meio responsável pela obtenção do aprendizado de seu próprio conhecimento. Isto significa que caso o indivíduo estivesse sozinho este não conseguiria se desenvolver, pois este consegue realizar ações, recontar fatos e ideias em contato com outras pessoas, através da interação social com o meio no qual o indivíduo está inserido responsável pela a compreensão do seu desenvolvimento cognitivo.
A ideia comentada por Castorina (1996, p. 19), da “Zona de Desenvolvimento Proximal”, ou seja, o aprendizado que o indivíduo obtém através do contato com as pessoas, com a família, enfim com a própria cultura é defendida por Vigotsky. Isto significa que o aprendizado acontece quando a criança interage com o apoio de um adulto ou através de alguma intervenção de um colega que possui uma maior capacidade cognitiva.
Vale salientar que posteriormente o aprendizado obtido a partir da Zona de Desenvolvimento Proximal deverá ser realizado sem o auxílio de outras pessoas, pois desta forma pode se dizer que houve o desenvolvimento através da interação.


2.3 O EDUCADOR E OS CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS


O educador tem como atividade principal planejar, educar, ensinar, mediar, orientar, dirigir, coordenar e provocar estímulos que favoreçam a aprendizagem e a capacidade cognitiva, bem como conduzir a prática educativa de acordo com as normas, finalidades e exigências referente aos conhecimentos pedagógicos.
A prática educativa como está inserida em um contexto social, no qual auxilia no desenvolvimento do cidadão e o prepara para a vida em sociedade, tem o papel de oferecer aos educandos conhecimentos e experiências, colaborando para que estes educandos estejam preparados para participar do meio no qual está inserido modificando e auxiliando esta sociedade. Líbaneo (1994) expressa à principal função do educador, bem como o exercício de sua prática educativa.

O trabalho do docente é parte integrante do processo educativo mais global pelo qual os membros da sociedade são preparados para a participação na vida social. A educação, ou seja, a prática educativa é um fenômeno social e universal, sendo uma atividade humana necessária à existência e funcionamento de todas as sociedades. [...] Não há sociedade sem prática educativa nem prática educativa sem sociedade. A prática não é apenas uma exigência da vida em sociedade, mas também o processo de prover os indivíduos dos conhecimentos e experiências culturais que os tornam apto a atuar no meio social e a transformá-lo em função de necessidades econômicas, sociais e políticas da coletividade. (LÍBANEO, 1994, p. 16).

Através do processo educativo as culturas e crenças são manifestadas com a finalidade de instruir, informar e transmitir o conhecimento através da interação e estabelecimento de metodologias de ensino que envolva a todos na construção de suas aprendizagens.
É pertinente que o educador planeje suas aulas e desenvolva suas metodologias de acordo com os conhecimentos prévios dos alunos, estabelecendo metas e objetivos possíveis de serem alcançadas, contribuindo assim, para o seu desenvolvimento e interesse pelo assunto em questão, pois segundo Zabala (1998, p. 94) “para poder estabelecer os vínculos entre os novos conteúdos e os conhecimentos prévios, em primeiro lugar é preciso determinar que interesses, motivações, comportamentos, habilidades devem construir o ponto de partida.”
As situações que envolvem o educando devem ser mediadas, coordenada e interligada com os conhecimentos posteriores, pois a educação é um processo que abrange o desenvolvimento do ser humano em sua totalidade.
É importante ressaltar ainda a relevância do educar e ensinar os alunos, pois sem estes dois referenciais é ilusório acreditar que a prática educativa será completa, pois esta prática tem a intenção de propor propostas educacionais aos educadores que desafie e estimule os seus educandos a buscar sempre mais o conhecimento, todavia é importante relatar que não se trata de um método ou uma receita pronta, mas um referencial para guiar, nortear, isto é, melhorar a prática de ensino.
O professor responsável por atuar em alguma unidade escolar sempre está se atualizando, através de cursos, seminários, leitura, pesquisas, seja por interesse em melhorar sua prática de ensino ou para o seu próprio benefício. Todavia quando este profissional se identifica com sua profissão colocando em prática tudo o que foi apreendido terá como ferramenta de trabalho, além de sua experiência como educador, fatores relevantes como carinho, o afeto, a compreensão, o diálogo, isto é, um trabalho efetivo em prol do desenvolvimento do educando em sua totalidade.
Freire (1996, p. 97) enfatiza que o professor/educador procura se especializar para transmitir confiança demonstrando um amplo saber em relação ao seu objeto de trabalho. “Saber que não posso passar despercebido pelos alunos, e que a maneira como me percebam me ajudam ou desajuda no comprimento de minha tarefa de professor, aumenta em mim os cuidados com o meu desempenho. ”
É importante que o educador possua um amplo conhecimento a respeito de sua prática de ensino, pois com isso, ele transmitirá segurança, estabelecendo de forma integral o vínculo afetivo entre o educador e o educando, favorecendo assim o interesse por sua formação, sem perder sua essência.
Diante disto, pode-se confirmar que a alegria do educador se efetivará ao ver que o vínculo e a relação entre o educador e o educando contribui de forma significativa para o desenvolvimento de suas aprendizagens e a construção do sujeito como um todo.


3. CONSIDERAÇÕES FINAIS


A partir da pesquisa que foi elaborada, é possível afirmar que a interação com o meio no qual a criança esta inserida favorece o desenvolvimento das aprendizagens significativas. Por isso, o vínculo afetivo e emocional é responsável pelo envolvimento do educador com o educando e contribui para o aperfeiçoamento da prática educativa e o desenvolvimento de habilidades que favorecem a apreensão de uma aprendizagem completa que pode ser realizado em diversos ambientes, desde que estes ofereçam meios capazes de influenciar os aspectos cognitivos e intelectuais dos alunos.
A participação efetiva dos educandos nas atividades diárias favorecem o comprometimento e o desenvolvimento das aprendizagens significativas. Desta forma, o educando se tornará mais presente nos desenvolvimento e organização dos estudos.
É relevante salientar que quando o discente ingressa em sala de aula, cabe ao docente envolver este aluno no ambiente escolar e estabelecer um local acolhedor, para que o aluno se sinta seguro e confiante.
É importante envolver a família para que esta participe e tenha uma ligação eficiente com a escola, em prol da formação do educando em suas diversas competências de aprendizagens valorizando o contato direto com a escola para a obtenção do sucesso escolar do discente.
A prática educativa pode ser orientada para auxiliar o desenvolvimento do educando e assim prepará-lo para uma vida em sociedade contribuindo para desenvolver estratégias e metodologias que favoreçam a convivência de todos os alunos em sala de aula.
A importância dos conhecimentos pedagógicos como instrumento responsável por compreendermos os conhecimentos posteriores deve ser enfatizados e valorizados pelo educador e por toda a unidade escolar como um primeiro passo para a obtenção de novos conhecimentos e o aprimoramento dos conhecimentos já existentes.
A pesquisa foi importante, pois o educador se interessa pela formação completa do aluno, por isso ele se torna um educador comprometido, atencioso efetivo e afetivo na vida de seus educandos.
Embora a educação atualmente apresente algumas dificuldades que desfavoreçam a relação entre o professor e o aluno, ainda é possível uma convivência saudável baseada no respeito mútuo para aprimorar a prática pedagógica, visando o estabelecimento do vínculo afetivo e emocional para desenvolver o processo de ensino e aprendizagem do aluno, estabelecendo assim um elo entre o educador e o educando, que possivelmente não será rompido com o passar do tempo.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



CASTORINA, José Antônio. et al. Piaget e Vygotsky, novas contribuições para o debate. São Paulo: Ática, 1996.

CODO, Wanderlei. Educação: carinho e Trabalho. Burnot, a síndrome da desistência do educador, que pode levar a falência da educação. São Paulo: Vozes, 2006.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

LÍBANEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

ZABALA, Antoni. A Prática Educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.

1. MESTRE EM EDUCAÇÃO: Psicologia da Educação, PUC/SP, MBA: Gestão Empreendedora Educação, UFF/SESI, Especialista em Gestão da Escola – FE/USP, Psicopedagogo Institucional e Clinico, Especialista em Educação Infantil e Pedagogo. E-mail: cezar.sena@hotmail.com
2. Especialista em Psicopedagogia e Educação Especial Inclusiva.

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