sexta-feira, 13 de outubro de 2023

15 DE OUTUBRO DIA DO PROFESSOR

 NÃO QUEREMOS HOMENAGENS!

Cezar Sena[1]

 


É inegável a importância do respeito, reconhecimento e valorização dos professores não apenas em ocasiões especiais, como o mês de outubro, mas durante todo o ano. A educação desempenha um papel fundamental na sociedade, e os professores são os principais agentes dessa transformação. Neste período comemorativo é comum, frases como: “Professor a profissão que forma outras profissões”. “Professor o esteio da sociedade”. Mas depois dos momentos de euforia e nostalgia, tudo continua, como sempre. Ou seja, o desrespeito e desvalorização da profissão do professor no dia a dia permanece. As homenagens e mensagens carinhosas são importantes para reconhecer o trabalho árduo dos professores, mas o respeito e a valorização devem se traduzir em ações concretas e mudanças estruturais no sistema educacional e na sociedade.

Não queremos apenas homenagens, mas RESPEITO, RECONHECIMENTO e SALÁRIO DIGNO. Como diz um ditado popular “palavras bonitas não enchem a barriga”. Não! Não estou sendo ingrato ou pessimista, a intenção é provocar reflexão. Basta pesquisar na mídia os casos de violência, desrespeito e condições de trabalho dos professores, que entenderão do que estou alertando. Fiz uma breve enquete nas minhas redes sociais, perguntando “qual o maior desafio dos professores hoje?” Eis alguns depoimentos: “falta de compromisso e parceria da família”, “manter o aluno interessado”, “ter atenção e respeito dos alunos”, “competir com o celular” e “indisciplina e intolerância dos alunos”. Penso que para minimizar tais situações, as famílias precisam supervisionar a conduta dos filhos, promover rotina estável e hábitos virtuosos, apoiar os profissionais da educação no seu fazer pedagógico, numa atitude de corresponsabilidade na educação dos estudantes. A verdadeira homenagem aos professores, seria:

1. Investimento na educação: é essencial que governos e instituições invistam de maneira significativa na educação, incluindo a melhoria das condições de trabalho dos professores e o aumento de salários. Um sistema educacional forte exige professores motivados e bem remunerados;

2.  Formação continuada: os professores devem receber oportunidades contínuas de formação e atualização de suas habilidades, para poderem oferecer uma educação de qualidade aos alunos;

3.  Parceria com famílias: a parceria entre escolas e famílias é fundamental. Os pais desempenham um papel vital no apoio ao processo educacional de seus filhos e no respeito aos professores;

4.    Promoção de ambientes de aprendizado respeitosos: é responsabilidade tanto dos professores quanto dos gestores escolares criar ambientes de sala de aula onde o respeito e a disciplina sejam valorizados. Isso envolve abordar questões de indisciplina e intolerância de maneira eficaz;

5.   Saúde emocional dos professores: os gestores educacionais devem estar atentos à saúde emocional dos professores, fornecendo suporte e recursos para lidar com o estresse e a pressão da profissão;

6.  Conscientização pública: é importante sensibilizar a sociedade sobre a importância da educação e do papel fundamental dos professores na formação de cidadãos responsáveis e informados;

7.  Reconhecimento público: além de palavras bonitas, é importante que a sociedade reconheça e valorize publicamente o papel fundamental dos professores na formação da sociedade;

8. Participação em mudanças educacionais: professores devem ser consultados e envolvidos em decisões que afetam a educação, como mudanças no currículo e políticas educacionais;

9. Reformas Educacionais Significativas: às vezes, são necessárias reformas educacionais significativas para melhorar o sistema como um todo, incluindo a redução de burocracia desnecessária e a promoção de práticas de ensino eficazes e, acima de tudo

10. Salário Digno: os professores desempenham um papel crucial na formação das futuras gerações, e um salário digno é essencial para atrair e reter talentos na profissão.

É essencial que todos compreendam que a valorização dos professores não é apenas uma questão de palavras, mas de ações concretas que fortaleçam a educação e promovam um ambiente de aprendizado respeitoso e eficaz. Afinal, a qualidade da educação tem um impacto direto no futuro da sociedade.

Portanto, a homenagem que nós professores queremos de fato é o respeito e a valorização no dia a dia. Nossa melhor homenagem seria: os pais participando da vida escolar do seu filho, apoiando a ações dos professores, reforçando as aprendizagens da escola. Alunos prestando atenção nas aulas e tratando os professores com respeito e dignidade (não com palavras de baixo calão e ofensivas). Por fim, os gestores de sistema e escolar precisam apoiar - cuidar da formação e saúde emocional dos professores. Só assim, de fato essas homenagens teriam sentido e significado para nós. Fora isso, são palavras vazias e estéreis.



[1] Mestre em Educação – PUC/SP. Especialista em Gestão – USP; MBA em Gestão Empreendedora – UFF. Diretor de Escola Estadual. Professor universitário. Escritor, Coach e Palestrante.  Insta: @cezar.sena

quarta-feira, 12 de abril de 2023

ESCOLA + VIOLÊNCIA = SOCIEDADE: O difícil desafio da convivência

 


Cezar Sena[1]

 

Estava um pouco resistente em escrever sobre o assunto que envolve os atentados nas escolas. Ainda abalado com os últimos acontecimentos (assassinado de uma professora de 71 anos por um aluno de 13 em São Paulo e de 04 crianças em uma creche em Blumenau em Santa Catarina). Entretanto, a pedido da editora do Jornal da ACE – VGP aceitei o desafio. Como o tema provocou em todos nós sensações e sentimentos diversos, dentre eles revolta, medo, indignação, tristeza e impotência, procurei fazer uma reflexão pessoal a partir do meu cotidiano e de alguns estudos sobre a problemática em questão. Para quem ainda não me conhece, apresento-me para que compreendam de qual lugar estou escrevendo: sou professor da Educação Básica desde 1998, diretor de escola pública desde 2009 e professor universitário desde 2008 (atuando nos cursos de pedagogia, psicopedagogia e neuropsicopedagogia). Portanto, estou atuando como educador há 25 anos, tendo exercido várias funções.

Posto isso, vamos à análise. A escola é o reflexo da sociedade. Sabemos que a violência não é uma prerrogativa das ESCOLAS, mas da SOCIEDADE que, cada vez mais polarizada, é violenta e intolerante. A cultura armamentista, a polarização do nós contra eles e do princípio maniqueísta do Bem contra o Mal, bem como as crises sociais instauradas pela PANDEMIA da COVID-19 contribuíram significativamente para o aumento dos atos de violência, intolerância e bullying nas escolas. O que a mídia divulga é, contudo, apenas a ponta o iceberg. Nós educadores convivemos diariamente com tudo isso há anos e, apesar de muitos apelos, quase ninguém nos ouve, acham que reclamamos demais. Agora, devido às recentes tragédias de repercussão nacional, o que infelizmente não foi isolado, surge uma onda de especulações sobre a tendência de aumento de atentados deste tipo associados a diversos supostos tipos de motivação dos crimes. Segundo o site G1[2], “subiu para 24 o número de ataques violentos a escolas do Brasil desde 2002, conforme aponta um estudo da  Unicamp, foi contabilizado ao menos 23 casos até março deste ano. O mais recente aconteceu nesta terça-feira (5) em uma creche em Blumenau, Santa Catarina”.

É urgente, pois, que a sociedade pare de se preocupar com questões irrelevantes ou comportamentais (banheiros unissex, escola sem partidos, linguagens neutras, dentre outras...) e foque no essencial: elaboração de políticas públicas de governo e não de partidos. É necessária a criação de mecanismos que garantam efetivamente a participação da família no acompanhamento da vida escolar dos filhos e sejam responsabilizadas pelo não cumprimento das medidas garantidas legalmente. De acordo com a Constituição Federal de 1988, artigo 205, a educação, direito de todos é DEVER DO ESTADO E DA FAMÍLIA, devendo ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade. Conforme aponta a Constituição, é um dever de todos, mas o que observamos nas escolas é uma negligência de muitas famílias. Algumas, inclusive, querem transferir todas suas responsabilidades para a escola.

Não estou aqui, com esse argumento, colocando a culpa na família, mas chamando a atenção para a sua responsabilidade na parte que lhe cabe na educação das crianças de acordo com a legislação. Quando a escola convoca os responsáveis para resolver questões da vida escolar dos alunos, ora por indisciplina, vandalismo ou por questões de aprendizagem, muitos alegam não ter tempo. No entanto, quando o filho reclama que algum profissional da educação chamou sua atenção por algum comportamento inadequado de modo mais incisivo alegam que o filho foi constrangido ou que falaram alto com ele. Neste momento, eles arrumam tempo e vêm “brigar” com a equipe escolar, reforçando o comportamento inadequado do filho, isso quando não há denúncia da escola antes do apuramento dos fatos. Para elucidar, relato três episódios que acompanhei e que evidenciam meu argumento:

1.      Aluno (15 anos) foge da escola. Notificamos os responsáveis. A mãe chega já alterada alegando que o filho saiu porque o portão estava aberto. Informarmos que estávamos recebendo merenda escolar e ele aproveitou a oportunidade e fugiu. Ao invés de corrigir o filho, apontou o “erro” da escola;

2.      Pai chega nervoso, acusando um professor de ter agredido o filho. Acolhemos a acusação e informamos que iríamos apurar e retornaríamos. Após a apuração, não foi constatado nenhum ato de violência por parte do professor. Pelo contrário, as câmeras mostraram o professor circulando por toda a sala de informática, conferindo os computadores dos alunos (era dia da Prova Paulista). A gravação mostrou que o diretor e a vice-diretora entraram na sala para verificar a conexão da internet, nem o aluno em questão, nem os colegas relataram episódios de violência. O pai foi comunicado para comparecer na escola para o retorno da apuração, mas até hoje não compareceu. Agora eu pergunto: se não tivéssemos as câmeras dentro da sala de aula? Seria a palavra de um adolescente de 13 anos contra a do professor. Adivinhe quem levaria a culpa? Será que as autoridades e a mídia viriam perguntar nossa versão?

3.      Aluno de 15 anos leva uma arma para escola na mesma semana do ataque que matou a professora em São Paulo. Na sala da direção, o aluno entrega a arma (simulacro) que segundo ele trouxe para “brincar”. Recolhemos a arma, acionamos o protocolo de segurança e a família. A mãe alega que deram de presente a arma para o filho, pois ele, há mais de 05 anos, estava pedindo uma arma de brinquedo.

Perceberam a gravidade do problema? A sociedade está doente. As famílias não têm autoridade com os filhos. Têm dificuldade de dizer NÃO para eles. Erroneamente, querem dar aos filhos o que alegam que não tiveram na infância e, com essas atitudes, as famílias não conseguem impor limites, fazendo com que as crianças e jovens cresçam com dificuldades de seguir regras básicas de convivência em ambientes coletivos exteriores à família.

Neste sentido, admite-se que educar pressupõe a coragem de dizer NÃO. Educar é um ato ritualístico, com normas claras para todos os envolvidos. Para a maioria das crianças, é na escola que elas têm o contato com as REGRAS e com os limites do que podem e do que não podem fazer. Infelizmente, é preciso elucidar que estamos criando uma geração de “mimados”, “frustrados” e “intolerantes”. Não sabem esperar a vez, nem na fila do refeitório, querem tudo para ontem. Precisamos, enquanto ainda há tempo resgatar alguns procedimentos de convivência harmônica em sociedade, reforçar a defesa pelos protocolos da boa educação, como pedir licença, por favor e agradecer.  

Partindo das observações, das vivências e das leituras, aponto três dicas para os pais acompanharem e monitorarem os comportamentos dos filhos. Pais, não tenham medo de ser exigentes e “chatos”. Os pais não necessariamente precisam ser “legais”. Precisam ser pais, exercer sua autoridade com responsabilidade, discernimento e coragem. Lembrem-se de:

1.      REVISTAR mochilas e quartos. Os quartos não são propriedade privada dos filhos onde os pais não podem entrar. Não só podem, como devem e, de vez enquanto, inspecionar;

2.      ACOMPANHAR e monitorar o acesso das redes sociais dos filhos – ligar o alerta com o excesso de tempo conectados ou com muito tempo no quarto fechado. O acompanhamento deve ser feito com muito diálogo, respeito e orientação, levando em conta a idade dos filhos (determine um tempo). Hoje existem, inclusive, aplicativos de monitoramento;

3.      Fiquem atento a qualquer mudança de COMPORTAMENTO ou de HUMOR do seu filho. Caso perceba que não consegue lidar com a situação, peça ajuda, de preferência para especialistas em saúde mental. Não minimize ou subestime. Lembre-se do ditado popular “prevenir é melhor do que remediar”.

Enfim, o assunto é muito complexo, sensível e necessário. Não dá mais para fingirmos que está tudo bem. Não está! Precisamos juntos buscarmos soluções coletivas e colaborativas. Um dos caminhos que considero importante é a PARCERIA de todos em prol de uma CULTURA DE PAZ que valoriza e respeita as diferenças, pois sabemos que o “sucesso escolar é o resultado da parceria entre família e escola em uma atitude de complementariedade e responsabilidade. Precisamos superar essa ideia equivocada e procurar culpados, mesmo porque não há culpados, mas responsáveis” (SENA, 2022, p. 37)[3].



[1] Mestre em Educação – PUC/SP. Especialista em Gestão – USP; MBA em Gestão Empreendedora – UFF. Diretor de Escola Estadual. Professor universitário. Escritor, Coach e Palestrante.  Insta: @cezar.sena

[3] Fonte: SENA, Cezar. Reflexões sobre a educação no contexto da pandemia. Editora Cidade Nova, 2022.

quinta-feira, 2 de março de 2023

AUTOCONHECIMENTO E PRÁTICA PROFISSIONAL

 

Cezar Sena[1]

 

Você saberia dizer quais são suas potencialidades e suas fragilidades? As características que mais aprecia em você? Marketing Pessoal é tudo!!! Se você não sabe se “reconhecer”, certamente ninguém saberá. Por isso, permita-se conhecer. Desafio você leitor a uma autorreflexão: pense e escreva 10 qualidades pessoais, ou seja, aquilo que você faz bem-feito, use como parâmetro os elogios que recebe com frequência (faça isso agora, antes de continuar a leitura). Sei que é difícil essa atividade, certamente se fosse escrever 10 defeitos, acharia bem mais fácil. Nossa educação evidencia mais nossas fragilidades em detrimento as qualidades. Além do mais, não pega bem se elogiar, soa como arrogância. Sempre nos disseram que precisamos ser humildes. Não confunda humildade com autodepreciação. Reconheça seus talentos e potencialidades! Aliás, sabe-se que somos aquilo que pensamos. Portanto cuidado com os pensamentos equivocados. Como profissionais necessitamos reconhecer e valorizar o que fazemos de bom, para poder evoluir na carreira e contribuir com a sociedade.

Para que o desenvolvimento profissional e melhoraria da sua qualificação é preciso caminhar em direção ao desenvolvimento constante. Diante de tantas mudanças, o mercado traz cenários diferentes, novos desafios e novas indagações, onde se faz necessário atualizar sempre. De acordo com Peter Drucker o trabalho é uma das dimensões do ser humano. A outra é o amor. Onde se conclui que só tem um bom desempenho profissional quem ama aquilo que faz. (Galperin, 2011)

Quanto mais nos conhecemos e desenvolvemos nosso potencial, melhor seremos como profissionais. No seu livro o Grande Potencial, o autor Shawn Achor, diferencia os conceitos de emprego, carreira e missão.

 

Um emprego não passa de uma atividade a ser suportada em troca de um salário. Uma carreira é um trabalho que oferece prestígio ou uma posição na sociedade. Uma missão é um trabalho que você considera parte integral da sua identidade e do sentido da sua vida, uma expressão de quem você é e uma fonte de gratificação e propósito (ACHOR, 2018:100).

 

            Foi-se o tempo em que trabalho era sinônimo de escravidão e de mero sustento, conforme aponta Galperin (2011). Atualmente o trabalho possui outro significado, sendo encarado não apenas como uma sustentação financeira, mas também como:

  1. Fonte de aprendizagem (como ajudar a sociedade, preservar o meio ambiente, conviver com pessoas portadoras de deficiências pessoais);
  2. Autodesenvolvimento de competências (superar desafios, agir com tranquilidade, tomar decisões e negociar de maneira adequada);
  3. Satisfação e prazer de realizar;
  4. Desenvolvimento da capacidade de ajudar, servir aos demais, ensinar.

Ainda de acordo com Galperin (2011), são muitas as vantagens do autoconhecimento:

·         Utilizar competências positivas para gerar resultados produtivos;

·         Desenvolver suas limitações, uma vez que toma consciência dela;

·         Conseguir manusear e controlar impulsos, sabendo o que provoca reações inadequadas;

·         Utilizar as diferenças individuais como fonte de conhecimento, compatibilizando suas competências e interesses com os diferentes estilos de pessoas;

·         Identificar suas satisfações, adequando as responsabilidades no trabalho de acordo com seus interesses e habilidades:

·         Administrar seu tempo, atribuindo mais dedicação as atividades em que sua competência se encontra deficitária;

·         Identificar necessidades de delegação, sabendo complementar suas deficiências com os demais.

Como profissionais, necessitamos de constantes atualizações, mas nenhuma destas, servirá se não conheço as minhas fragilidades e potencialidades, ou seja, o autoconhecimento.

A autoliderança constitui a condição básica para liderar os outros. Mas continuamos exigindo que os outros se modifiquem: o líder, os colaboradores, a política. Antes de querer ser líderes dos outros é preciso ser líder de si mesmo.

 

Os significados que a palavra líder evoca, por exemplo, não podem mais aproximar-se daqueles que a palavra chefe suscita. Chefes têm subordinados, subalternos ou seguidores. Os verdadeiros líderes de hoje não têm seguidores no sentido convencional da palavra. Mestres em liderança vão a um passo além, transforma em seguidores em outros líderes (GRÜN, 2009:17).

 

De acordo com Carnegie (2011) líderes sabem reconhecer o momento quando o grupo está pronto para receber uma mensagem, e tiram proveito desse momento. A identidade do líder é algo muito maior do que sua identidade como indivíduo. Essa pessoa incorpora a identidade do grupo. É a pessoa a quem os outros olham em busca de orientação e conselho – e, quando os recebem, sentem literalmente como se aquilo tivesse saído de dentro deles mesmos. Líderes altamente eficientes nem sempre são tecnicamente habilidosos ou talentosos, mas sabem como reconhecer e inspirar aqueles que o são.

Nesse sentido, outra qualidade que considero importante do líder é a humildade. Entendo a humildade como a capacidade de reconhecer as fragilidades e busca de superação. Assim, é importante procurar superá-las, ao invés de esconder os talentos. O Líder é aquele que dar o melhor de si e inspira sua equipe a fazer o mesmo.

Carnegie (2011) sugere que para a melhoria das nossas habilidades de liderança é necessário usar os nossos pontos fortes e o bom senso. A seguir algumas dicas do autor para desenvolvimento do autoconhecimento e consequentemente a nossa atuação profissional:

u  Concentre-se na visão global: Elabore estratégias de longo prazo. Estabeleça objetivos reais e mensuráveis;

u  Seja ambicioso: Defina o ponto a que você quer chegar em sua carreira e aceite prontamente o desafio;

u  Conheça a si mesmo: Reconheça seus pontos fortes e trabalhe para superar suas fraquezas;

u  Seja decisivo: Ter confiança em si mesmo inspirará os demais a terem confiança em você;

u  Aceite as críticas: Procure o útil e o construtivo em quaisquer críticas, e agradeça a pessoa. Mostre profissionalismo e maturidade;

u  Ouça: ouça cuidadosamente para entender melhor as questões de equilíbrio. 

u  Seja flexível: esteja aberto a opiniões discordantes;

u  Apoie as pessoas: seja paciente e procure auxiliar, aqueles menos dedicado e motivado que você;

u  Incentive as pessoas: concentre-se em ajudar as pessoas a dar o que elas têm de melhor;

u  Comemore o sucesso: Seja rápido em elogiar. Parabenizando e agradecendo as colaborações;

u  Apoie sua equipe: Entenda as necessidades de sua equipe;

u  Ajude: Dê a mão sempre que puder;

u  Aceite a responsabilidade: a responsabilidade é sempre sua;

u  Resolva o problema: você encontrará maneira inovadora de resolver problemas se estiver comprometido com sua carreira;

u  Lidere por meio do exemplo: guarde comentários negativos e frustrações para si mesmo. Mantenha sua atitude positiva aconteça o que acontecer;

u  Faça a coisa certa: Se lhe pedirem para fazer algo ilegal ou antiético, recuse;

u  Seja honesto: quando cometer um erro admita-o e peça desculpas;

u  Evite as fofocas: não espalhe rumores maliciosos nem repita histórias aparentemente sem importância sobre os outros;

u  Dê o melhor de si: mantenha a confidencialidade, respeite os outros e seja coerente;

u  Faça críticas construtivas: converse sobre seus próprios erros antes de criticar os da outra pessoa. Faça perguntas, em vez de dar ordens diretas. Faça com que o erro pareça fácil de ser corrigido.

Seguindo essas dicas com certeza, nossa competência profissional irá sobressair no ambiente de trabalho tão competitivo. Vale lembrar que a competência do indivíduo não é um estado, não se reduz a um conhecimento ou know how específico. Le Boterf apud Fleury e Fleury (2001) situa a competência numa encruzilhada, com três eixos formados:

1.    Pela pessoa (sua biografia, socialização);

2.    Pela sua formação educacional e

3.    Pela sua experiência profissional.

 

            A competência é o conjunto de aprendizagens sociais e comunicacionais nutridas pela aprendizagem e formação pelo sistema de avaliações. Competência é um saber agir responsável e que é reconhecido pelos outros. Implica saber como mobilizar, integrar e transferir os conhecimentos, recursos e habilidades, num contexto profissional determinado (FLEURY E FLEURY, 2001).

A ideia de competências tem três ingredientes básicos segundo (Bordoni, 2011):

·         Primeiro: relaciona-se diretamente à ideia de pessoa. Você não pode dizer que um computador é competente; competente é o seu usuário, uma pessoa.

·         Segundo: a competência vincula-se à ideia de mobilização, ou seja, a capacidade de se mobilizar o que se sabe para realizar o que se busca. É um saber em ação. Aliás, da má compreensão deste aspecto vem outra crítica, a de competência como mero saber fazer algo. Agir é mais do que fazer;

·         Terceiro: um conceito de competência pode ser apresentado como o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes demonstrados pela pessoa na realização de uma tarefa. Dizemos que somos competentes numa atividade quando esse conjunto de comportamentos apresentados resulta no sucesso para a realização daquela atividade.

Portanto somos resultados das interações humanas. Ou seja, das vivências, afetivas, culturais, sociais, religiosas... O autoconhecimento é adquirido a partir das relações com o OUTRO. Agindo de maneira a colocar em prática os conceitos aprendidos no decorrer da nossa vida. Uma prática profissional competente depende da atuação inteligente diante das adversidades que a vida moderna nos impõe.

Pensar, agir e refletir num movimento contínuo de construção pedagógica e desenvolvimento pessoal é o que consideramos como base para o desenvolvimento da educação brasileira. “Pensar e agir dessa forma é definir sua história como profissional, é ser agente ativo e participativo no desenvolvimento da nação, é construir sua identidade profissional com base na reflexão de seus atos” (SENA, CONCEIÇÃO e CRUZ, 2003:59).

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ACHOR, Shawn. Grande Potencial: cinco estratégias para você chegar mais longe desenvolvendo as pessoas a seu redor. São Paulo: Benvirá, 218.

BORDONI, Thereza. Saber e Fazer. Competências e Habilidades. Disponível em: http://www.pedagobrasil.com.br/pedagogia/saberefazer.htm. Acesso em 23/08/2011

CARNEGIE, Dale. Liderança: como superar-se e desafiar outros a fazer o mesmo. São Paulo. Companhia Editora Nacional, 2011.

FLEURY, Maria Tereza Leme. FLEURY, Afonso. Construindo o Conceito de Competência. RAC (Revista de Administração Contemporânea), Edição Especial 2001: 183-196 183. Disponível em:http://www.scielo.br/pdf/rac/v5nspe/v5nspea10.pdf   Acesso em 23/08/2011

GALPERIN, Arlete Zagonel. Autoconhecimento como ferramenta de melhoria profissional. Disponível em: http://www.zhz.com.br/artigo/06.pdf. Acesso em 08/09/2011.

GRÜN, Anselm. Friedrich Asslânder. A arte de ser mestre de si mesmo para ser líder de pessoas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

SENA, Clério Cezar Batista. CONCEIÇÃO, Luis Mário. CRUZ, Mariza Vieira Peixoto. O educador reflexivo: registrando e refletindo. Recife: Doxa, 2004.

 



[1] MESTRE EM EDUCAÇÃO: Psicologia da Educação, PUC-SP / MBA: Gestão Empreendedora Educação – UFF / Especialista em Gestão da Escola, USP / Neuropsicopedagogo: Institucional e Clínico / Psicopedagogo: Institucional e Clinico / Especialista em Educação Infantil e Pedagogo. Diretor de Escola Pública Estadual, SP; Professor Universitário, Escritor, Palestrante e Coach. E-mail: cezar.sena@hotmail.com

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

TÉCNICAS DE GESTÃO DE TEMPO PARA AUMENTAR A PRODUTIVIDADE

 

Cezar Sena[1]


Antes de mais nada, esclareço que chamo de equívoco a ideia de “Gestão de Tempo”, pois penso que o tempo, na verdade, é indomável. Neste sentido, o que de fato gerenciamos são as TAREFAS e ATIVIDADES num determinado período de tempo. Assim, as dicas a seguir são para lhe ajudar a melhorar sua produtividade nas realizações de tarefas num determinado espaço temporal, principalmente, de estudos.

Estudar é um trabalho intelectual que desgasta muita energia do cérebro e do corpo. Para muitas pessoas, o trabalho intelectual é uma fonte de prazer (é o meu caso). Sinto-me útil e produtivo, por exemplo, quando estou lendo ou escrevendo, ou mesmo lecionando ou palestrando. Neste contexto, é comum haver pessoas que acreditam que o esforço intelectual não cansa ou que é menos exaustivo que as demais formas de trabalho, mas isso não é verdade. Trata-se, pois, de um outro tipo de cansaço e, muitas vezes, o cérebro não consegue desconectar, o que pode levar a um esgotamento. Partindo-se desta perspectiva, entende-se que as pessoas andam sim cada dia mais ocupadas, mas isso não quer dizer que estejam mais produtivas.

Os indivíduos andam tão OCUPADOS que não percebem, assim, a sua improdutividade. E o pior, CULPAM os outros por não conseguir cumprir suas TAREFAS. Conheço pessoas que passam o dia todo reclamando que estão ocupadas, que não têm tempo para nada, que têm muitas coisas para fazer, mas que, no final dia, não conseguem mensurar suas produções... Sempre estão a fazer, terminando, concluindo... Como explicar esse fenômeno? Isto se dá, justamente, porque não aprenderam a gerenciar suas tarefas durante seu horário de trabalho ou sessões de estudos. 

Sendo assim, listo abaixo algumas características de pessoas OCUPADAS e PRODUTIVAS. Faça uma análise e veja onde você se encaixa. Se estiver entre as pessoas OCUPADAS, precisa rever seus procedimentos.

PESSOAS OCUPADAS:

Ø  Não têm FOCO, acreditam que são multitarefas. Lembre-se: NÃO somos MULTITAREFAS como erroneamente alguns acreditam. A neurociência aponta que o CÉREBRO não consegue processar dois estímulos ao mesmo tempo. Procure realizar uma tarefa de cada vez e perceberá que esse procedimento aumentará sua PRODUTIVIDADE;

Ø  Pessoas OCUPADAS são também PESSOAS INDISCIPLINADAS – não seguem uma rotina. Dizem “SIM” para tudo;

Ø  PESSOAS DESORGANIZADAS – nunca sabem por onde começar, estão sempre “correndo”;

Ø  PESSOAS ACUMULADORAS DE INFORMAÇÕES – buscam sempre agregar dados que julgam importantes, mas não sabem o que fazer com eles.

 

PESSOAS PRODUTIVAS:

Ø  Têm METAS claras – sabem suas prioridades – não se deixam distrair – dizem NÃO sem culpa. Têm controle das tarefas e da sua agenda;

Ø  Usam AGENDA como ferramenta de organização do tempo de maneira disciplinada;

Ø  Mantêm seu local de trabalho arrumado – manter o local de trabalho organizado faz com que você ganhe mais tempo;

Ø  Compreendem o FUNCIONAMENTO DO SEU CORPO e distribuem suas tarefas de acordo com os horários em que se sentem mais ativas e produtivas;

Ø  Têm GRATIDÃO pelas OPORTUNIDADES que a vida oferece.

DICAS PARA MELHORAR A PRODUTIVIDADE:

a.    DISCIPLINA – Determine o tempo em que ficará estudando. Ter um horário certo para iniciar e terminar as sessões de estudos, com pausas sistemáticas e cronometradas, são fundamentais. Outra dica é premiar o cérebro pelo esforço e desempenho com uma atividade prazerosa: um sorvete, café, uma música, caminhada, uma olhada RÁPIDA, muito rápida, nas redes sociais...

b.    ORGANIZAÇÃO – Deixe o ambiente de estudo organizado para evitar distrações, ou seja, desenvolva um ritual de estudos. Eu, por exemplo, organizo minha mesa com as canetas coloridas, notas adesivas (post it notes), música ambiente, local claro e arejado, água ou café por perto para evitar sair fora do tempo determinado... 

c.    Use AGENDA como ferramenta de organização. Além disso, faça um checklist dos temas que irá estudar no dia e, no final, confira as tarefas realizadas e as pendências para o outro dia. Seu cérebro agradece, pois adora recompensas. É gratificante a sensação de ter as metas do dia realizadas. Isso o torna mais produtivo.

d.    Deixe o CELULAR no silencioso, estabelecendo um horário de checagem das mensagens. De preferência, após a realização da tarefa programada. Como se olhar o celular fosse o sistema de recompensa para seu cérebro. Indico, para isto, que assista meu vídeo sobre o uso do WhatsApp no canal do YouTube: Cezar Sena[2].

e.    Desenvolva uma ROTINA. Se tem família, principalmente filhos pequenos, negocie com eles os horários, estabelecendo as tarefas do dia;

f.     Procure RELAXAR – meditar, ouvir músicas...Tenha um hobby...

 

Caso não esteja conseguindo seguir o planejamento, solicite ajuda, podendo ser por meio de mentoria, coach, conversa com amigos ou especialistas. Para mim, a leitura de livros especializados tem ajudado muito, além de contar com a APOIO efetivo e colaborativo da família – esposa e filhos.

Uma ação importante para aumentar a produtividade, de tempos em tempos: pare o que estiver fazendo e analise o processo, revise os procedimentos para verificar se está no caminho certo. Isso é necessário para corrigir estratégias. Nunca inicie fazendo. Antes de mais nada, pare, analise a situação e procure planejar as melhores estratégias com o menor tempo possível.

Para compreender melhor os processos e melhorias de desempenho, sugiro algumas leituras. Veja o resumo das ideias no meu canal do Youtube[3], no qual há uma série de indicações de livros, dentre os quais:

ü  GOLEMAN, Daniel. Foco: a atenção e seu papel fundamental para o sucesso. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014.

ü  MCKNOWN, Greg. Essencialismo. Rio de Janeiro: Sextante, 2015.

ü  CARNEGIE, Dale. Liderança: como superar-se e desafiar outros a fazer o mesmo. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2011.

ü  BARBOSA, Christian. A Tríade do tempo. Rio de Janeiro, Sextante, 2011.

ü  BARBOSA, Christian. Equilíbrio e Resultado. Rio de Janeiro, Sextante, 2012.

Nestes dois últimos livros, o autor Christian Barbosa aborda a importância do TREINO e da PERSISTÊNCIA para poder desenvolver um cérebro capaz de explorar todo o seu POTENCIAL. Nas palavras do autor: “Treinamos quando decidimos algo, quando planejamos, quando trocamos a PREGUIÇA pela EXECUÇÃO, quando precisamos pensar para resolver problemas, entre outras coisas”. O autor ainda aponta que “não importa quem sou, o que tenho, o que sei. O que importa é a minha ATITUDE de executar, FAZER ESCOLHAS, aprender e buscar ter PRAZER no caminho”.

Por fim, aprenda a PRIORIZAR e a dizer NÃO para as distrações, principalmente para aquelas pessoas que insistem em roubar seu tempo e sua energia. Aprenda a identificar os “ladrões” de tempo e de energia. Geralmente, essas são as pessoas que estão mais próximas de nós. Seja gentil, mas firme. Agindo assim, certamente começará a obter os resultados positivos em pouco tempo. Boa sorte nesta jornada, rumo à alta produtividade e à baixa procrastinação. Sucesso!

 

Sigam-me pelo Instagram @cezar.sena - YouTube – Cezar Sena

Vargem Grande Paulista, SP. 16/02/2023

 

 



[1] Mestre em Educação – PUC/SP; Especialista em Gestão – USP; MBA em Gestão Empreendedora – UFF; Diretor de Escola Estadual; Prof. Universitário; Escritor, Coach e Palestrante.  Insta: @cezar.sena/Youtube: Cezar Sena.

[2] https://youtu.be/MdL16TamiMg “Etiqueta para o uso do WhatsApp como ferramenta de trabalho”

[3] @CezarSenaCZR

Liderança inspiradora e Corresponsabilidade: O Gestor Escolar como catalisador de um clima organizacional positivo

  Cezar Sena [1]   Resumo Este artigo discute sobre liderança e corresponsabilidade no contexto educacional, oferecendo uma visão inte...