quinta-feira, 2 de março de 2023

AUTOCONHECIMENTO E PRÁTICA PROFISSIONAL

 

Cezar Sena[1]

 

Você saberia dizer quais são suas potencialidades e suas fragilidades? As características que mais aprecia em você? Marketing Pessoal é tudo!!! Se você não sabe se “reconhecer”, certamente ninguém saberá. Por isso, permita-se conhecer. Desafio você leitor a uma autorreflexão: pense e escreva 10 qualidades pessoais, ou seja, aquilo que você faz bem-feito, use como parâmetro os elogios que recebe com frequência (faça isso agora, antes de continuar a leitura). Sei que é difícil essa atividade, certamente se fosse escrever 10 defeitos, acharia bem mais fácil. Nossa educação evidencia mais nossas fragilidades em detrimento as qualidades. Além do mais, não pega bem se elogiar, soa como arrogância. Sempre nos disseram que precisamos ser humildes. Não confunda humildade com autodepreciação. Reconheça seus talentos e potencialidades! Aliás, sabe-se que somos aquilo que pensamos. Portanto cuidado com os pensamentos equivocados. Como profissionais necessitamos reconhecer e valorizar o que fazemos de bom, para poder evoluir na carreira e contribuir com a sociedade.

Para que o desenvolvimento profissional e melhoraria da sua qualificação é preciso caminhar em direção ao desenvolvimento constante. Diante de tantas mudanças, o mercado traz cenários diferentes, novos desafios e novas indagações, onde se faz necessário atualizar sempre. De acordo com Peter Drucker o trabalho é uma das dimensões do ser humano. A outra é o amor. Onde se conclui que só tem um bom desempenho profissional quem ama aquilo que faz. (Galperin, 2011)

Quanto mais nos conhecemos e desenvolvemos nosso potencial, melhor seremos como profissionais. No seu livro o Grande Potencial, o autor Shawn Achor, diferencia os conceitos de emprego, carreira e missão.

 

Um emprego não passa de uma atividade a ser suportada em troca de um salário. Uma carreira é um trabalho que oferece prestígio ou uma posição na sociedade. Uma missão é um trabalho que você considera parte integral da sua identidade e do sentido da sua vida, uma expressão de quem você é e uma fonte de gratificação e propósito (ACHOR, 2018:100).

 

            Foi-se o tempo em que trabalho era sinônimo de escravidão e de mero sustento, conforme aponta Galperin (2011). Atualmente o trabalho possui outro significado, sendo encarado não apenas como uma sustentação financeira, mas também como:

  1. Fonte de aprendizagem (como ajudar a sociedade, preservar o meio ambiente, conviver com pessoas portadoras de deficiências pessoais);
  2. Autodesenvolvimento de competências (superar desafios, agir com tranquilidade, tomar decisões e negociar de maneira adequada);
  3. Satisfação e prazer de realizar;
  4. Desenvolvimento da capacidade de ajudar, servir aos demais, ensinar.

Ainda de acordo com Galperin (2011), são muitas as vantagens do autoconhecimento:

·         Utilizar competências positivas para gerar resultados produtivos;

·         Desenvolver suas limitações, uma vez que toma consciência dela;

·         Conseguir manusear e controlar impulsos, sabendo o que provoca reações inadequadas;

·         Utilizar as diferenças individuais como fonte de conhecimento, compatibilizando suas competências e interesses com os diferentes estilos de pessoas;

·         Identificar suas satisfações, adequando as responsabilidades no trabalho de acordo com seus interesses e habilidades:

·         Administrar seu tempo, atribuindo mais dedicação as atividades em que sua competência se encontra deficitária;

·         Identificar necessidades de delegação, sabendo complementar suas deficiências com os demais.

Como profissionais, necessitamos de constantes atualizações, mas nenhuma destas, servirá se não conheço as minhas fragilidades e potencialidades, ou seja, o autoconhecimento.

A autoliderança constitui a condição básica para liderar os outros. Mas continuamos exigindo que os outros se modifiquem: o líder, os colaboradores, a política. Antes de querer ser líderes dos outros é preciso ser líder de si mesmo.

 

Os significados que a palavra líder evoca, por exemplo, não podem mais aproximar-se daqueles que a palavra chefe suscita. Chefes têm subordinados, subalternos ou seguidores. Os verdadeiros líderes de hoje não têm seguidores no sentido convencional da palavra. Mestres em liderança vão a um passo além, transforma em seguidores em outros líderes (GRÜN, 2009:17).

 

De acordo com Carnegie (2011) líderes sabem reconhecer o momento quando o grupo está pronto para receber uma mensagem, e tiram proveito desse momento. A identidade do líder é algo muito maior do que sua identidade como indivíduo. Essa pessoa incorpora a identidade do grupo. É a pessoa a quem os outros olham em busca de orientação e conselho – e, quando os recebem, sentem literalmente como se aquilo tivesse saído de dentro deles mesmos. Líderes altamente eficientes nem sempre são tecnicamente habilidosos ou talentosos, mas sabem como reconhecer e inspirar aqueles que o são.

Nesse sentido, outra qualidade que considero importante do líder é a humildade. Entendo a humildade como a capacidade de reconhecer as fragilidades e busca de superação. Assim, é importante procurar superá-las, ao invés de esconder os talentos. O Líder é aquele que dar o melhor de si e inspira sua equipe a fazer o mesmo.

Carnegie (2011) sugere que para a melhoria das nossas habilidades de liderança é necessário usar os nossos pontos fortes e o bom senso. A seguir algumas dicas do autor para desenvolvimento do autoconhecimento e consequentemente a nossa atuação profissional:

u  Concentre-se na visão global: Elabore estratégias de longo prazo. Estabeleça objetivos reais e mensuráveis;

u  Seja ambicioso: Defina o ponto a que você quer chegar em sua carreira e aceite prontamente o desafio;

u  Conheça a si mesmo: Reconheça seus pontos fortes e trabalhe para superar suas fraquezas;

u  Seja decisivo: Ter confiança em si mesmo inspirará os demais a terem confiança em você;

u  Aceite as críticas: Procure o útil e o construtivo em quaisquer críticas, e agradeça a pessoa. Mostre profissionalismo e maturidade;

u  Ouça: ouça cuidadosamente para entender melhor as questões de equilíbrio. 

u  Seja flexível: esteja aberto a opiniões discordantes;

u  Apoie as pessoas: seja paciente e procure auxiliar, aqueles menos dedicado e motivado que você;

u  Incentive as pessoas: concentre-se em ajudar as pessoas a dar o que elas têm de melhor;

u  Comemore o sucesso: Seja rápido em elogiar. Parabenizando e agradecendo as colaborações;

u  Apoie sua equipe: Entenda as necessidades de sua equipe;

u  Ajude: Dê a mão sempre que puder;

u  Aceite a responsabilidade: a responsabilidade é sempre sua;

u  Resolva o problema: você encontrará maneira inovadora de resolver problemas se estiver comprometido com sua carreira;

u  Lidere por meio do exemplo: guarde comentários negativos e frustrações para si mesmo. Mantenha sua atitude positiva aconteça o que acontecer;

u  Faça a coisa certa: Se lhe pedirem para fazer algo ilegal ou antiético, recuse;

u  Seja honesto: quando cometer um erro admita-o e peça desculpas;

u  Evite as fofocas: não espalhe rumores maliciosos nem repita histórias aparentemente sem importância sobre os outros;

u  Dê o melhor de si: mantenha a confidencialidade, respeite os outros e seja coerente;

u  Faça críticas construtivas: converse sobre seus próprios erros antes de criticar os da outra pessoa. Faça perguntas, em vez de dar ordens diretas. Faça com que o erro pareça fácil de ser corrigido.

Seguindo essas dicas com certeza, nossa competência profissional irá sobressair no ambiente de trabalho tão competitivo. Vale lembrar que a competência do indivíduo não é um estado, não se reduz a um conhecimento ou know how específico. Le Boterf apud Fleury e Fleury (2001) situa a competência numa encruzilhada, com três eixos formados:

1.    Pela pessoa (sua biografia, socialização);

2.    Pela sua formação educacional e

3.    Pela sua experiência profissional.

 

            A competência é o conjunto de aprendizagens sociais e comunicacionais nutridas pela aprendizagem e formação pelo sistema de avaliações. Competência é um saber agir responsável e que é reconhecido pelos outros. Implica saber como mobilizar, integrar e transferir os conhecimentos, recursos e habilidades, num contexto profissional determinado (FLEURY E FLEURY, 2001).

A ideia de competências tem três ingredientes básicos segundo (Bordoni, 2011):

·         Primeiro: relaciona-se diretamente à ideia de pessoa. Você não pode dizer que um computador é competente; competente é o seu usuário, uma pessoa.

·         Segundo: a competência vincula-se à ideia de mobilização, ou seja, a capacidade de se mobilizar o que se sabe para realizar o que se busca. É um saber em ação. Aliás, da má compreensão deste aspecto vem outra crítica, a de competência como mero saber fazer algo. Agir é mais do que fazer;

·         Terceiro: um conceito de competência pode ser apresentado como o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes demonstrados pela pessoa na realização de uma tarefa. Dizemos que somos competentes numa atividade quando esse conjunto de comportamentos apresentados resulta no sucesso para a realização daquela atividade.

Portanto somos resultados das interações humanas. Ou seja, das vivências, afetivas, culturais, sociais, religiosas... O autoconhecimento é adquirido a partir das relações com o OUTRO. Agindo de maneira a colocar em prática os conceitos aprendidos no decorrer da nossa vida. Uma prática profissional competente depende da atuação inteligente diante das adversidades que a vida moderna nos impõe.

Pensar, agir e refletir num movimento contínuo de construção pedagógica e desenvolvimento pessoal é o que consideramos como base para o desenvolvimento da educação brasileira. “Pensar e agir dessa forma é definir sua história como profissional, é ser agente ativo e participativo no desenvolvimento da nação, é construir sua identidade profissional com base na reflexão de seus atos” (SENA, CONCEIÇÃO e CRUZ, 2003:59).

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ACHOR, Shawn. Grande Potencial: cinco estratégias para você chegar mais longe desenvolvendo as pessoas a seu redor. São Paulo: Benvirá, 218.

BORDONI, Thereza. Saber e Fazer. Competências e Habilidades. Disponível em: http://www.pedagobrasil.com.br/pedagogia/saberefazer.htm. Acesso em 23/08/2011

CARNEGIE, Dale. Liderança: como superar-se e desafiar outros a fazer o mesmo. São Paulo. Companhia Editora Nacional, 2011.

FLEURY, Maria Tereza Leme. FLEURY, Afonso. Construindo o Conceito de Competência. RAC (Revista de Administração Contemporânea), Edição Especial 2001: 183-196 183. Disponível em:http://www.scielo.br/pdf/rac/v5nspe/v5nspea10.pdf   Acesso em 23/08/2011

GALPERIN, Arlete Zagonel. Autoconhecimento como ferramenta de melhoria profissional. Disponível em: http://www.zhz.com.br/artigo/06.pdf. Acesso em 08/09/2011.

GRÜN, Anselm. Friedrich Asslânder. A arte de ser mestre de si mesmo para ser líder de pessoas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

SENA, Clério Cezar Batista. CONCEIÇÃO, Luis Mário. CRUZ, Mariza Vieira Peixoto. O educador reflexivo: registrando e refletindo. Recife: Doxa, 2004.

 



[1] MESTRE EM EDUCAÇÃO: Psicologia da Educação, PUC-SP / MBA: Gestão Empreendedora Educação – UFF / Especialista em Gestão da Escola, USP / Neuropsicopedagogo: Institucional e Clínico / Psicopedagogo: Institucional e Clinico / Especialista em Educação Infantil e Pedagogo. Diretor de Escola Pública Estadual, SP; Professor Universitário, Escritor, Palestrante e Coach. E-mail: cezar.sena@hotmail.com

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