domingo, 11 de setembro de 2016

A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM


Clério Cezar Batista Sena
MESTRE EM EDUCAÇÃO: Psicologia da Educação, PUC/SP, MBA: Gestão Empreendedora Educação, UFF/SESI, Especialista em Gestão da Escola – FE/USP, Psicopedagogo Institucional e Clinico, Especialista em Educação Infantil e Pedagogo. Professor CENSUPEG/BRASIL, Diretor de Escola Rede Pública Estadual, SP.
E-mail: cezar.sena@hotmail.com

Elza Fátima Silva de Andrade

Especialista em Gestão Educacional: Administração, Orientação e Supervisão. E-mail: elza.s.a@hotmail.com.


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RESUMO

Nos dias de hoje a participação da família no processo de ensino-aprendizagem vem sendo muito discutida nos meios educacionais. Sabe-se ainda que o aluno precisa ter um modelo como ponto de partida, imitando, ouvindo, vendo e discutindo para aprender. Acredita-se também que a aprendizagem acontece dentro e fora da escola e que a família e a escola juntas, uma auxiliando a outra podem proporcionar à criança oportunidades para que a aprendizagem aconteça. A escola precisa organizar-se a partir dessa compreensão, onde o professor precisa promover formas diferentes de apropriação do conhecimento e a família precisa reestruturar para dar modelos à criança atuando como base. O presente trabalho pretende contribuir para uma melhor compreensão da importância da família no processo ensino-aprendizagem e sua estreita relação com o aluno e a escola.

Palavras-chave: Família. Escola. Aluno.


1 INTRODUÇÃO


Não somente a escola é fundamental no processo de ensino-aprendizagem, a família, base preponderante na educação de seus filhos tem a incumbência de dar continuidade ao processo educacional iniciado no meio escolar. Todavia, o processo educacional iniciado deve ser compreendido como uma complementação ao que cada criança traz de história coletiva e individual. A educação não tem seu início na escola, mas sim, no meio familiar.

Durante décadas, a educação tinha por objetivo a preocupação de como ensinar e deixou para segundo plano o aprender propriamente dito. É necessário que a escola, o professor e a família estejam envolvidos e engajados em um só propósito: o de entender como os alunos desenvolvem seu raciocínio, se relacionam entre si e com os professores.

A criança procura ativamente compreender o mundo que o rodeia e trata de resolver as interrogações que esta provoca, ou seja, se a criança está motivada a querer entender o mundo que a cerca, ela através de suas próprias ações sobre os objetos é capaz de construir suas categorias de pensamento, organizar suas idéias e assim entender aquilo que deseja. (SEBER 1997, p. 33).

De acordo com Cury (2003, p. 67), “os pais e professores lutam pelo mesmo sonho, o de tornar seus filhos em alunos felizes, saudáveis e sábios. Pais e filhos vivem ilhados, raramente choram juntos e comentam sobre seus sonhos, mágoas, alegrias e frustrações. ”

O objetivo deste artigo, não é somente discutir sobre a importância da família e sua parceria com a escola para um bom desempenho escolar do aluno, mas também apontar sugestões que possam contribuir para que haja uma aproximação constante das famílias nas escolas.

Outra questão importante é a distinção de papéis entre a escola, a família e suas responsabilidades para que ela seja realmente significativa no processo ensino-aprendizagem do aluno e sua valorização perante a sociedade.

É de suma importância compreender como a instituição escolar pode desenvolver atividades para aproximar as famílias, o que resultará em bom desempenho escolar no futuro. Para que ocorra aprendizagem, os aspectos objetivo e subjetivo devem estar funcionando bem.

Assim, pretende-se apresentar a importância das relações vinculares na aprendizagem, tornando esta mais significativa e, consequentemente, promovendo um melhor desempenho escolar do aluno. Porém é importante ressaltar que a escola tem como função estimular a construção do conhecimento nas áreas do saber, consideradas fundamentais para o processo de formação de seus alunos.

É fato que a modernidade trouxe diversas mudanças, inclusive na família, mas tal realidade não isenta a instituição familiar de seu papel educador primordial ao desenvolvimento e integração do filho a sociedade. Todavia no ambiente escolar, os professores reconhecem que os pais são os principais responsáveis pela educação de seus filhos, porém há aqueles que não se comprometem de maneira efetiva, deixando para a escola a responsabilidade total do processo. Assim, os pais podem e devem envolver-se com o processo escolar de seus filhos e exigir que a escola cumpra o papel que lhe cabe na educação, mas sem descaracterizar a especificidade dos papéis que cada instância deve exercer.


2 A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM: CONCEITO E CONTEXTO



Por assumir papel fundamental na sociedade - célula mater da sociedade - a família é fonte transmissora de valores ideológicos. A função social atribuída à família é transmitir os valores que constituem a cultura, as ideias dominantes em determinado momento histórico, isto é, educar as novas gerações segundo padrões dominantes de valores e de condutas (TEIXEIRA, 2005, p. 76).

Dessa forma, entende-se a família como um núcleo impar, criador de uma cultura própria com leis, regras, mitos, ritos e crenças peculiares. Cada pessoa que compõe uma família, além de compartilhar desses mesmos ideais e comportamentos, tem suas próprias emoções e suas diferentes significações do cotidiano doméstico.

Ao mesmo tempo observa-se que estas funções são repartidas com outras agências socializadoras como a escola. A educação é um dever da escola, mas a família também deve ser coadjuvante, pois ambas devem interagir para garantir os direitos da criança, no que se refere ao ensino, dando-lhes apoio, suporte e incentivo para o desenvolvimento pleno da aprendizagem (PAROLIN, 2005, p. 45).

Algumas alternativas oferecidas pela escola, como meio de promover a participação da família, no que diz respeito a assuntos escolares, os pais podem participar do Conselho de Escola e da APM (Associação de Pais e Mestres), instituições colegiadas que auxiliam a gestão escolar.

Ainda na concepção de Parolin (2005, p. 45), “esses coletivos têm o objetivo de fazer da participação dos pais um objeto de preocupação e um fim da própria escola, de modo a aproximar a família das questões pedagógicas e a tornar a unidade escolar integrada ao seu meio. ”

Cabe à família aceitar essa participação oferecida pela escola e construir um núcleo duradouro, que aceite mudanças, um núcleo afetivo e funcional em que cada um cuide de si e do outro, compreendendo o outro como um ser inteiro e dotado de inteligência e desejos próprios. Um núcleo que promova pertencimento, mas que ao mesmo tempo possibilite individualização. É ser diferente dela, estando nela.

Parolin (2005) relata que a grande arte da família é manter-se, seja ela composta por pai, mãe e filhos; por mãe e filhos; por padrasto, mãe e filhos; por avó, mãe e filhos/netos; por avó, avô, mãe e filhos ou outras composições; o importante é continuar promovendo o desenvolvimento, o crescimento, a mudança e permanecer sendo família.

Quando o pai é realmente o pai e o filho é realmente o filho, quando o irmão mais velho preenche sua função de irmão mais velho, e o mais moço o que lhe é próprio, quando o esposo é realmente esposo e a esposa uma esposa, então a famílias está em ordem (PAROLIN, 2005, p. 38).

Na teoria de Vygostsky, a criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico que faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se envolve, mas também o marca. A criança tem na família, biológica ou não, um ponto de referência fundamental, apesar da multiplicidade de interações sociais que estabelece com outras instituições sociais. (OLIVEIRA, 1995, p. 12).

Frente a essa realidade, o desempenho do aprendizado de uma criança vai depender do tipo de família onde ela está inserida. Se há ou não uma preocupação e participação constante da mesma na vida escolar da criança. A motivação continua sendo um complexo tema para a psicologia e, particularmente, para as teorias de aprendizagem e ensino.

A motivação pode ser atribuída tanto à facilidade quanto a dificuldade para aprender. Para eles sempre há algum motivo para o sucesso ou o fracasso escolar, tanto que o estudo da motivação considera alguns tipos de variáveis: O Ambiente; As Forças Internas ao Indivíduo (necessidade, desejo, vontade, interesse, impulso e instinto). Pois, o objeto que atrai o indivíduo por ser fonte de satisfação da força interna que o mobiliza.

Expressa-se a motivação através de uma necessidade ou desejo de fazermos algo, é um processo que relaciona necessidade, ambiente e objeto, e que predispõe o organismo para a ação em busca da satisfação da necessidade. A motivação está presente como processo em todas as esferas de nossa vida, tanto que nas escolas a preocupação em criar condições para que o aluno aprenda tem sido constante e não é tarefa das mais fáceis para o professor.

Uma das sugestões é partir sempre das necessidades que o aluno já traz, introduzindo ou associando a elas outros conteúdos ou motivos, criando assim, outros interesses no aluno.

Aprender a viver em sociedade não se dá apenas no âmbito familiar. À medida que a sociedade vai se tornando mais complexa, maiores são as redes relacionais e os consequentes resultados dessas relações. Com as crianças indo cada vez mais cedo para as creches, berçários e Educação Infantil originaram uma nova filosofia para os educadores e para a escola que é grande parceira da família. (PAROLIN, 2005, p. 38).

A construção de valores e atitudes já não cabe mais como exclusividade da família, sendo a escola uma instituição socializadora ela abre espaço para que os aprendizes construam novos conhecimentos, dividam seus universos pessoais e ampliem seus ângulos de visão, aprendendo a respeitar outras verdades, outras culturas e outros tipos de autoridade. Nessa instituição dois mundos se fundem: o da razão e o da emoção em busca da sabedoria. Aprendendo os conteúdos sem deixar de aprender sobre si mesmo, de valorizar suas aprendizagens; ser e conviver a partir dos conteúdos presentes nas situações problematizadoras da escola.

Toda aprendizagem é resultado da parceria essencial entre família e escola que produzem movimentos favoráveis ou desfavoráveis em termos de desenvolvimento das crianças. “A família é um núcleo, ‘um grupo de pessoas’, vivendo numa estrutura hierarquizada, que convive com uma proposta de uma ligação afetiva duradoura, incluindo uma relação de cuidados entre os adultos e deles para com as crianças e idosos que aparecem neste contexto ” (GOMES, 1988, p. 26).

Segundo Parolin (2005, p. 39), “a família e a escola têm, na sociedade atual, tarefas complementares, que apesar de distintas em seus objetivos, metodologias de abordagem e campo de abrangência. São instituições parceiras. ”

Cabe a família a tarefa de estruturar o sujeito em sua identificação e autonomia. Isso vai acontecendo à medida que a criança vive o cotidiano inserido em um grupo de pessoas que lhe dá carinho, apresenta-lhe o fundamento do mundo, oferece-lhe suposto material, para suas necessidades, conta-lhe historias, fala sobre as coisas e os fatos, conversa sobre o que sente e pensa, ensina-lhe a arte da convivência.

Ainda de acordo com Parolin (2005, p. 39), “cada família tem seus hábitos, suas crenças seus mitos e medos, sua ideologia e seus objetivos. A forma que uma família tem de construir o dia-a-dia está relacionada a uma história que começou com os antepassados dos pais e se prolonga no dia dos filhos. ”

A criança percorre um caminho de desenvolvimento que passa pela mais complexa fragilidade emocional e dependência absoluta, falta de autonomia e indiferenciação e estende à compreensão do mundo real e ao reconhecimento do seu próprio mundo interior. A criança vai construindo sua história através da convivência em família. Por mais que a criança herde o sobrenome da família, os costumes e a ideologia ela se torna singular com características próprias.

Portanto, pensar em família é pensar em um grupo de pessoas que têm uma organização típica, normas, valores, formas de conduta e que, enquanto compartilham uma série de coisas, fatos, afetividades e emoções, dando suporte uma às outras, também lutam por se diferenciarem e por serem reconhecidas como únicas.

Dentro da escola existem fatores que podem prejudicar a aprendizagem: o professor, a relação entre os alunos, os métodos de ensino e o ambiente escolar. O autoritarismo e a inimizade geram antipatia por parte dos alunos, que associam a matéria ao professor e reagem negativamente a ambos (PILETTI, 2003, p. 41).

É importante que o professor ou o futuro professor pense sobre grande responsabilidade em relação aos alunos dos primeiros anos, sobre os quais a influência é maior. Eles têm o professor como um exemplo que influencia o comportamento dos alunos. Um clima de desigualdade, competição, luta e tensão produz efeitos negativos sobre a aprendizagem, pois dessa forma acontecem às relações em nossa sociedade, os mais fortes procuram dominar os mais fracos.

A administração da escola - o diretor e outros funcionários também podem influenciar na aprendizagem. Se forem respeitados e valorizados (positiva) se ao contrário (negativa). “Não é certo, sobretudo do ponto de vista democrático, que serei tão melhor professor quanto mais severo e frio, mais distante e “cinzento” me ponha nas relações com os alunos. ” (FREIRE, 1996, p. 12).

Alguns estudiosos sobre família como Cury (2003, p. 67) e Parolin (2005, p. 39), ao registrar seus trabalhos e pesquisas, denunciam a dificuldade de se tratar do tema sem se envolver com suas histórias pessoais e, consequentemente, com sua identidade. Outro aspecto que dificulta análises e conclusões é a mudança da realidade vivida pelas famílias. Essa mudança afeta a forma como os membros se relacionam e se estruturam.

A escola, como todos os outros segmentos sociais, precisa fazer essa nova leitura da família, de sua essência e de seu papel social, preocupada com a autoridade patriarcal e a divisão dos papéis. Hoje muitos pais temem em negar coisas para seus filhos por estarem preocupados com tudo que não conseguem lhes dar em termos de carinho, atenção, tempo, convívio e principalmente orientação educativa. Tentando se sentirem melhor diante da criança os pais e familiares vivem a crise do “não”. (PAROLIN, 2005, p. 45).

Eles se sentem mal ao negar algo para os seus filhos e acabam dando-lhes coisas que desejam, quer tenham ou não condições financeiras, deixando de exercer o papel mais importante de estabelecer limite, de orientar, de educar, de contribuir para a formação de valores morais e éticos.

Ainda de acordo com Parolin (2005), ao tentar adquirir tudo o que a criança pede em termos materiais, não conseguem ser mais presentes porque precisam trabalhar mais para ganhar mais: dão presentes por não estarem presentes. Essa atitude, porém, gera insatisfação nos filhos, que quanto mais recebem bens materiais (o que de fato, não precisam), mais desejam a atenção que deixaram de receber de seus pais.

A criança nos primeiros anos de desenvolvimento vive um caos indiferenciado em que ela não se percebe como pessoa, a mãe ou quem cuida dela necessita ser competente para auxiliá-la e para que ela se sinta acolhida e atendida em suas necessidades. Ao estabelecer com a mãe uma relação em que as duas são uma só, a criança acredita que tudo no mundo exista em função dela e para ela. À medida que cresce, cabe aos pais mostrar-lhe que ela é importante, mas ao é a única pessoa importante no mundo; que ela é amada, mas não é o único objeto de amor de seus pais. Localizar a criança em um contexto sócio-afetivo mais amplo é tarefa importantíssima para a sua adequação social. (PAROLIN, 2005, p.45).

Para Carvalho (2002, p. 30), “a família é revalorizada na sua função socializadora. Ela é convocada a exercer autoridade e definir limites. Espera-se da família uma maior parceria, participando da escola no projeto educacional destinado a seus filhos. ”

Quando a criança compreende o sim como algo destinado a ela e não como um impedimento à realização de algo, ela se estrutura como pessoa e começa e compreender o sentido da liberdade como um trânsito entre o individual e o coletivo. Para a criança viver em liberdade e, ao mesmo tempo no grupo é algo extremamente complexo. Cabe à família propiciar o entendimento e a aceitação de regras, darem segurança e possibilidade para que a criança compreenda o mundo à sua volta. (PAROLIN, 2005, p. 46).

O desenvolvimento e a adoção casa vez mais entendida na psicologia da educação do construtivismo como marco explicativo da aprendizagem escolar, provocou uma mudança de perspectiva importante no estudo das relações professor/aluno e das relações entre alunos. A idéia de que o ensino consiste essencialmente em transmitir conhecimentos e a aprendizagem em recebê-los e assimilá-los entrou abertamente em crise. Em seu lugar abriu caminho a explicação de que o aluno constrói seu próprio conhecimento, mediante um complexo processo interativo no qual intervêm três elementos chaves: O próprio aluno, o conteúdo da aprendizagem e o professor que atua como mediador entre ambos.
O aluno também pode desempenhar o papel de mediador que, em princípio, parecia reservado com exclusividade para o professor. “Os métodos educativos baseados na relação entre iguais (especialmente os enfoques de aprendizagem cooperativa) estenderam-se rapidamente por todo o mundo” (COOL, 1999, p. 16).

De acordo com Parolin (2005, p. 45), a relação entre os alunos pode incidir de forma decisiva sobre aspectos tais como a aquisição de competências e destrezas sociais, “o controle dos impulsos agressivos, o grau de adaptação às normas estabelecidas, a superação do egocentrismo, a relativização progressiva do ponto de vista próprio, o nível de aspiração, o rendimento escolar e o processo de socialização em geral.”

As relações entre iguais podem constituir, para algumas crianças, as primeiras relações em cuja série tem lugar o desenvolvimento e a socialização. Ainda relata que os iguais conformam o ambiente imediato que causa maior impacto sobre o aluno na escola, visto que, em comparação com a interação professor/aluno, a interação entre iguais é muito mais frequente, intensa e variada. (OLIVEIRA, 1995, p. 13)

Assim, mediante a simulação de papéis sociais nos jogos com os iguais, as crianças aprendem estes papéis e têm a oportunidade de elaborar pautas de comportamentos comunicativo, agressivo, defensivo e cooperativo, que serão essenciais em sua vida adulta. Mediante processos de imitação e identificação que ocorrem nas relações entre semelhantes, às crianças e adolescentes aprendem as habilidades e comportamentos que devem ser exibidos em um determinado ambiente, como modo de falar, tipo de indumentária, o estilo do corte de cabelo, a música que se prefere e o que é definido como agradável e desagradável.

Segundo Guimarães (2002, p. 68), “a interação entre iguais tem grande influência sobre as aspirações e o rendimento escolar dos alunos, ele conta que é mais provável que um estudante almeje cursar o ensino superior, se seu melhor amigo planejar fazer o mesmo. ”

As atividades de aprendizagem na aula favorecem a comunicação entre os participantes e, em geral, possibilita um melhor nível de rendimento a cada um dos participantes contribuindo cooperativamente para o sucesso do grupo. Porém, é a família essencial para o desenvolvimento do indivíduo, onde acontecem os primeiros contatos com o mundo externo, e aprendendo os primeiros valores e hábitos. (COOL, 1999, p. 16).

Para Oliveira (1995, p. 13) o acompanhamento familiar gera nas crianças o bom relacionamento e convivência, bem como bom rendimento escolar. “Elas ainda têm conhecimento de regras, limites, tanto qualitativa e quantitativamente, não se opondo as normas e rotinas escolares e nem apresentando dificuldades. ”

O acompanhamento da família evita possíveis reprovação, possibilitando o verdadeiro aprendizado do aluno. Ressalta-se ainda que se houvesse uma maior a parceria entre escola e família, o alcance de bons resultados em relação aos alunos possivelmente seria mais positivo.

O principal problema segundo Szymanski (2003) é que:

Famílias delegam à escola toda a educação dos filhos, desde o ensino das disciplinas específicas até a educação de valores, a formação do caráter, além da carência afetiva que muitas crianças trazem de casa, esperando que o professor supra essa necessidade. Por outro lado, algumas famílias sentem-se desautorizadas pelo professor, que toma para si tarefas que são da competência da família. (SZYMANSKI, 2003, p. 23).

É na interação social que a criança aprende a regular seus processos cognitivos, graças às indicações e diretrizes dos adultos e, em geral, das pessoas com as quais interagem. Mediante um processo de interiorização ou internalização, o que a criança pode fazer ou conhecer, em princípio, unicamente graças a estas indicações e diretrizes (regulação interpsicológica), transforma-se progressivamente em algo que pode fazer ou conhecer por si mesma, sem necessidade de ajuda (regulação intrapsicológica).

O estreito vínculo existente entre os processos de aprendizagem e de desenvolvimento e a interação social fica refletido na chamada lei da dupla formação das funções psicológicas superiores. Além da zona de desenvolvimento próximo que mostra o que uma pessoa pode fazer ou conhecer com a ajuda das outras.


2.1 ESCOLA E FAMÍLIA: UMA PARCERIA DE SUCESSO


Uma criança constrói em família seus primeiros vínculos com a aprendizagem e forma o seu estilo de aprender. Nenhuma criança nasce sabendo o que é bom ou ruim e muito menos sabendo do que gosta e do que não gosta. A tarefa dos pais, dos professores e dos familiares é a de favorecer uma consciência moral, pautada em uma lógica socialmente aceita, para que, quando essa criança tiver que decidir, saiba como e por que está tomando determinados caminhos ou decisões. (PAROLIN, 2005, p. 47).

Afirmam a Lei Federal n.º 8.069 no Capítulo IV - parágrafo único do Estatuto da Criança e do Adolescente:

"É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais", ou seja, trazer as famílias para o convívio escolar já está prescrito no Estatuto da Criança e do Adolescente, o que esta faltando é concretizá-lo, é pôr a Lei em prática. Família e escola são pontos de apoio ao ser humano, são sinais de referência existencial. Quanto melhor for a parceria entre ambas, mais significativos serão os resultados na formação do educando. A participação dos pais na educação formal dos filhos deve ser constante e consciente. Vida familiar e vida escolar são simultâneas e complementares. (BRASIL, 1990, p. 37).

Atualmente existe a necessidade de a escola estar em perfeita sintonia com a família, pois esta é uma instituição que complementa a família. Ambos são lugares agradáveis para a convivência dos indivíduos, pois uma depende da outra no intuito de atingir o maior objetivo, que é um futuro melhor futuro para o educando.

Já dizia Freire (1996, p. 12) que “a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Porém, educar nos tempos atuais não é nada fácil, requer paciência, muito esforço e acima de tudo tranquilidade. Durante o processo de ensino- aprendizagem é preciso aprender a ouvir e saber calar quando necessário. Deve-se fazer ver as crianças e jovens entenderem que existem direitos, mas também que os deveres devem ser respeitados. O medo de magoar ou decepcionar deve ser substituído pela certeza de que o amor também se demonstra sendo firme no estabelecimento de limites e responsabilidades.

Para Parolin (2005, p. 47) “a escola é uma instituição potencialmente socializadora, pois abre espaço para o conhecimento, a emoção, a informação, tomadas de consciência, o respeito às verdades, e ainda desenvolvimento da autoestima. ”

O envolvimento familiar nos projetos da escola significa valorizar ações em próprio benefício, pois se trata de dar vida às leis. A escola deve articular seus recursos, criar um novo espaço para o envolvimento da família na escola, de modo a assegurar que os estudos reflexões, debates e as propostas possam ser utilizados de base para que o desenvolvimento social se firme através de práticas pedagógicas educativas efetivas.


3 CONSIDERAÇÕES FINAIS



Nas últimas décadas houve uma mudança significativa nas escolas visando às práticas educativas que se distinguem das que acontecem na família, na mídia, no lazer e nas demais formas de convívio social e se constitui numa ação intencional, sistemática, planejada e continuada para crianças e jovens durante um período contínuo e extenso de tempo com o objetivo de formar cidadãos capazes de atuar com competência e dignidade na sociedade. (BRASIL, 1997, p.133).

Segundo Carvalho (2002, p. 30), “a escola só poderá atingir seus objetivos se o trabalho for feito coletivamente, principalmente com o auxilia da família que deve exercer plenamente seu papel de instituição base e primeiro grupo social da criança. ” A criança e a família não podem ser responsabilizadas pelo insucesso na escola.

A escola precisa preocupar-se com a formação integral da criança e não deixar baixar suas expectativas e para isso precisa conhecer fatores que intervém no processo de escolarização da criança, procurando no dia-a-dia da rotina escolar escolher diferenças sem anulá-las.

Conhecer diferenças, saber operar com e a partir delas para conseguir a mudança e a transformação social desejada, tendo por finalidade a formação de pessoas críticas e autônomas.

“A família precisa organizar-se para entender que sem pais educadores para dar modelos, não há o que reelaborar e não existe terreno propício para aprendizagem.” (PAROLIN, 2005, p. 43).

Considerando análises bibliográficas, o presente trabalho conclui-se que a família não é e nem pode ser uma instituição falida e que a ordem social e o bom relacionamento entre a escola, família e aluno promove movimento contínuo de aprender a aprender, além de prazeroso, torna-se necessário e urgente. Tudo se inicia pela família, o primeiro grupo social da convivência da criança, depois é a vez da escola e por fim a relação família-escola na busca de um bom desempenho escolar.

A tomada de decisão em incluir uma criança na escola requer segurança e conscientização da família e muita reflexão no que se refere às etapas em que este processo se encontra.

A realidade encontrada na escola é que muitas vezes pais se desinteressam em participar da vida escolar dos filhos por sentirem-se envolvidos apenas quando seus filhos estão com algum problema com problemas na aprendizagem ou disciplinar. Não há muitas vezes interesse da escola em proporcionar um momento prazeroso de acolhimento aos pais e buscarem juntos um bem comum onde são beneficiados todos os envolvidos.

Embora tenha sido abordado durante todo o texto aspectos sobra a importância da família no processo ensino-aprendizagem para um bom desenvolvimento escolar percebe-se a dificuldade que a escola tem em organizar-se e promover situações para que essa aproximação aconteça. É necessário que a escola identifique os motivos de tal dificuldade, o que pode ser feito para que esse processo seja iniciado, desenvolvido e de forma contínua observar quais melhorias devem ocorrer.

Refletir sobre família-escola requer inicialmente, para os profissionais da educação, uma tomada de consciência de que, as reuniões devem ser voltadas para chamar a atenção dos pais não só sobre a lista de problemas de seus filhos, onde somente o professor pode falar, não tendo sequer a abertura para iniciar uma proposta de parceria, mas sim momentos atrativos para o envolvimento destes pais.

Todavia é função inicial dos professores a construção da parceria família-escola, pois transferir essa função somente à família enfatiza e dá vazão a sentimentos de ansiedade, e incapacidade aos pais, uma vez que não são eles os especialistas em educação, não entendem de psicologia, desconhecem a didática, a sociologia, enfim, o resultado desta postura já se conhece muito bem: o afastamento da família.

De fato, na vida escolar, o contato entre o professor e a família é primordial para o educando, onde tal aproximação informal tem sua importância firmada na tranquilidade com que os pais observam a permanência segura de seus filhos na escola, bem como a motivação de seus filhos quando estes percebem que a escola e a família se interessam por sua educação.

Conclui-se que nos dias atuais, a escola não pode viver sem a família e vice-versa, pois é através dessa parceria, que tem como objetivo o desenvolvimento do bem-estar e da aprendizagem do educando, que ocorre a formação integral do mesmo.

Pensar em educação de qualidade é necessário ter em mente que a família esteja presente na vida escolar dos alunos em todos os sentidos, pois é necessária uma interação entre escola-família, pois como foi dito durante o desenvolvimento desse artigo “escola e família formam os primeiros grupos sociais de uma criança”, é a partir dessa parceria de sucesso que se refletirá o futuro de uma criança.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente – ECA. Brasília: Senado, 1990.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN. Brasília: MEC/SEF, 1997.

CARVALHO, M. C. B. A família contemporânea em debate: alfabetizando com sucesso – temas básicos de educação e ensino. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

COOL, C. Psicologia da educação. Porto Alegre: Artimed, 1999.

CURY, A. J. Pais brilhantes, professores fascinantes. 21. ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. 27. ed. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1996.

GOMES, H. S. R. Um estudo sobre o significado de família. Tese de doutorado. São Paulo: PUC-SP, 1998.

GUIMARÃES B. C. S. Pontos de psicologia do desenvolvimento. 12. ed. São Paulo: Editora Ática, 2002.

NICOLESCU, B. O Manifesto da Transdisciplinaridade. São Paulo: Triom, 1999.

OLIVEIRA, M. K. Aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-histórico. 3. ed. São Paulo: Scipione, 1995.

PAROLIN, I. Professores formadores: a relação entre a família, à escola e a aprendizagem. 1. ed. Curitiba: Editora Positivo, 2005.

PILETTI, N. Psicologia Educacional. 17. ed. São Paulo: Editora Ática, 2003.

SEBER, M. G. O diálogo com a criança e o desenvolvimento do raciocínio. 1. ed. São Paulo: Scipione, 1997.

SZYMANSKI, H. A relação escola/família: desafios e perspectivas. Brasília: Plano Editora, 2003.

TEIXEIRA, A. Educação para democracia: introdução à administração escolar. Rio de Janeiro: Editora

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