sábado, 8 de setembro de 2018

O PAPEL DO GESTOR ESCOLAR NO CLIMA ORGANIZACIONAL

Cezar Sena
MESTRE em Educação: Psicologia da Educação - PUC SP; Especialista em Gestão da Escola USP; MBA Gestão Empreendedora UFF/SESI; Neuropsicopedagogia e Educação Especial Inclusiva e Neuropsicopedagogia Clinica – Faculdade CENSUPEG; Psicopedagogia Clínica e Institucional; Especialista em Educação Infantil e Pedagogo. Diretor da EE Valêncio Soares Rodrigues e Professor/orientador Faculdade CENSUPEG. E-mail: cezar.sena@hotmail.com

O gestor tem uma ação direta no clima escolar, na medida em que proporciona uma atmosfera de encorajamento, respeito, tratamento pessoal e liderança positiva, incentivando a participação de todos. Sua atuação tem papel estratégico para a garantia de um clima escolar favorável a aprendizagem dos alunos, afinal, “é o diretor que, de acordo com a lei, responde em última instância, pelo bom funcionamento da escola – onde se deve produzir um dos direitos sociais mais importantes para a cidadania” (PARO, 2010, p. 766).

A escola pode reproduzir uma exclusão, tanto social como cultural ou promover um espaço de integração pacífica das comunidades, trabalhando as contradições, pressões internas e externas, vindas de sua própria organização institucional. “A escola tem uma função de promover a melhoria da sua comunidade, pela educação de seus filhos, e que, ao fazê-lo, recebe influência dessa comunidade, adaptando seus objetos, programas, métodos e técnicas às suas necessidades” (LUCK, 2008, p. 10).
O convívio democrático deve ser estimulado utilizando diferentes formas de expressão, linguagens, conhecimentos históricos, sociais e intelectuais de tal forma que a capacidade crítica possa ser desenvolvida, descaracterizando a condição social vulnerável e desprotegida. Como afirma Paro (2002, p. 8) “pela educação como prática democrática se constrói o político e se concorre para uma sociedade mais cooperativa e mais digna de ser compartilhada”.
Para isto o gestor deve aprimorar a capacidade de planejar e liderar o processo de gestão da construção coletiva da democracia na escola desenvolvendo a capacidade de construir a convivência democrática em um clima escolar que favoreça a integração e a comunicação entre todos.

A ação do diretor mostra-se fundamental, igualmente, na constituição da rede de relações e ações que constitui o tecido socioinstitucional no qual o aluno se insere. Embora pouco considerada nos estudos de cunho psicológico sobre o desenvolvimento cognitivo do indivíduo na instituição, esta rede tem implicações significativas no processo de construção do conhecimento, conforme revelam os estudos de orientação sociológica e antropológica, notadamente os estudos etnográficos. São exatamente estes últimos (etnográficos) que mostram, também, como, de certa forma, o diretor imprime um estilo de funcionamento, ou pelo menos o afeta grandemente, determinando, muitas vezes, os limites e a flexibilidade (possível) das normas que regulam o comportamento das pessoas na instituição (LIMA, 1996, p.118, grifo nosso).

A ação do gestor, não é apenas uma ação política ou ideológica, nem unicamente uma necessidade técnica ou administrativa, mas uma questão científica pedagógica, exigindo do gestor uma nova postura de liderança, pois, num certo sentido, é no âmbito do espaço escolar que todos os outros níveis de estudos e intervenção devem ser empreendidos. Diante de uma realidade essencialmente dinâmica e de conflito, a preocupação em se administrar passa a ser, sobretudo, com a integração num contexto altamente diferenciado e com o controle da ação coletiva (SENA, 2012).
A gestão é um dos componentes essenciais para o desenvolvimento integral de uma instituição, e seus efeitos, sejam eles positivos ou negativos, podem trazer o sucesso e o insucesso de qualquer organização. É sinônimo de administração. Gestão é o ato de gerir, administrar, organizar, planejar e liderar um projeto, pessoas de uma equipe ou uma organização. A gestão caracteriza-se por uma força de atuação consciente, pela qual os membros reconhecem e assumem seu poder de influenciar na determinação da dinâmica de uma unidade, de sua cultura e de seus resultados (RABAGLIO, 2008).
Neste contexto o papel do gestor é fundamental, pois ele é o elo integrador das equipes que compõe a comunidade escolar (gestora, coordenação, serviços de secretaria, limpeza, cozinha, inspetores, pais e alunos). E o sentimento que esta comunidade tem em relação ao gestor poderá influenciar todas as ações da escola. Para que a escola obtenha o sucesso almejado é indispensável que essas equipes trabalhem em sintonia e com atribuições bem definidas.

O gestor escolar tem de se conscientizar de que ele, sozinho, não pode administrar todos os problemas da escola. O caminho é a descentralização, isto é, o compartilhamento de responsabilidades com alunos, pais, professores e funcionários. O que se chama de gestão democrática onde todos os atores envolvidos no processo participam das decisões. Uma vez tomada, trata-se as decisões coletivamente, participativamente, é preciso pô-las em práticas. Para isso, a escola deve estar bem coordenada e administrada. Não se quer dizer com isso que o sucesso da escola reside unicamente na pessoa do gestor ou em uma estrutura administrativa autocrática na qual ele centraliza todas as decisões. Ao contrário, trata-se de entender o papel do gestor como líder cooperativo, o de alguém que consegue aglutinar as aspirações, os desejos, as expectativas da comunidade escolar e articular a adesão e a participação de todos os segmentos da escola na gestão em um projeto comum. O diretor não pode ater-se apenas às questões administrativas. Como dirigente, cabe-lhe ter uma visão de conjunto e uma atuação que apreenda a escola em seus aspectos pedagógicos, administrativos, financeiros e culturais (LIBÂNEO, 2005, P. 332).

Portanto, para que o processo de ensino-aprendizagem dos alunos seja eficiente, é necessária uma relação mais próxima e clara entre equipe gestora, professor e alunos, num diálogo respeitoso e solidário. O ambiente em que o aluno se encontra é fundamental para o seu sucesso; este deve ser um ambiente agradável, bonito, divertido, inclusivo e prazeroso, com regras e normas bem definidas, já que lá passará pelo menos cinco horas do seu dia.

REFERENCIAS BUBLIOGRÁFICAS


LIBÂNEO, José Carlos. Educação escolar, políticas, estruturas e organização. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2005.

LIMA, Elvira de Azevedo S. A escola e seu diretor: algumas reflexões. O papel do Diretor e a escola de 1º grau. P. 117-124. Série Ideias 12. São Paulo: FDE. 1996.

LUCK, Heloísa. Ação Integrada: Administração, Supervisão e Orientação Educacional. 26. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2008.

PARO, Vitor Henrique, Implicações do caráter político da educação para a administração da escola pública. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.28, n.2, p. 11-23, jul./dez. 2002

PARO, Vitor Henrique. A educação, a política e a administração: reflexões sobre aprática do diretor de escola. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 36, n.3, p. 763-778, set./dez. 2010

RABAGLIO, Maria Odete. Gestão por Competências. Rio de Janeiro: Editora Quality Mark, 2008.

SENA, Clério Cezar Batista, Clima organizacional escolar: o gestor como indutor de mudanças. Especialização em gestão da escola para diretores. Faculdade de Educação da USP / REDEFOR. TCC: São Paulo, 2012

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