Cezar Sena[1]
No Dia dos Professores, nossa enquete revelou o perfil do
educador inesquecível: aquele que demonstra empatia genuína, domina a
didática para tornar o conhecimento acessível e, acima de tudo, crê firmemente
no potencial transformador de cada aluno. Essas qualidades são o alicerce
para inspirar e moldar gerações, criando um ambiente de aprendizado acolhedor e
estimulante, fundamental para o desenvolvimento integral dos estudantes.
Este ideal, contudo, contrasta dolorosamente com a
realidade diária enfrentada pela categoria. Enquanto discursos de valorização
ecoam em datas comemorativas, a prática esbarra em desafios sistêmicos: baixos
salários que não condizem com a formação, a responsabilidade e o custo de vida,
gerando desmotivação e dificuldade em atrair e reter novos talentos; uma
crônica falta de reconhecimento que se manifesta na ausência de planos de
carreira claros, oportunidades de desenvolvimento profissional contínuo e na desvalorização
social da profissão; e ambientes de trabalho frequentemente hostis.
Esses ambientes são marcados em algumas escolas por salas
de aula superlotadas, que impedem a atenção individualizada e sobrecarregam o
educador, comprometendo a qualidade do ensino; pela crescente violência — seja
ela verbal, física ou até mesmo digital, vinda de alunos, pais ou da comunidade
— que afeta a segurança e o bem-estar mental de docentes e alunos; e por uma
burocracia excessiva que desvia tempo precioso do planejamento pedagógico e da
interação com os estudantes para tarefas administrativas repetitivas e muitas
vezes desnecessárias. Tais condições minam não apenas a saúde física e mental
dos professores, levando a quadros de estresse, ansiedade e burnout, mas também
a dedicação e a paixão pela docência.
Mais que palmas e homenagens simbólicas em feriados, professores
clamam por DIGNIDADE em sua atuação profissional, SALÁRIOS justos e compatíveis
com a importância de sua função e o nível de formação exigido, e RESPEITO
incondicional às suas condições de trabalho. Isso inclui infraestrutura
adequada nas escolas, recursos pedagógicos atualizados, formação continuada de
qualidade e um ambiente seguro e propício ao ensino e à aprendizagem, onde
possam exercer sua profissão com autonomia e apoio.
Basta de romantizar a vocação docente como uma
justificativa para a precariedade e a exploração! Ensinar é uma PROFISSÃO
complexa, estratégica e essencial para o desenvolvimento de qualquer nação, que
exige e merece condições justas e valorização real. É hora de transformar
os discursos em políticas públicas efetivas e sustentáveis, que garantam o
devido valor, suporte contínuo e a segurança necessária a quem tem a nobre
missão de moldar o futuro de nossa sociedade.
Disponível também em: https://online.fliphtml5.com/rgvgs/xmnm/#p=4
[1] MESTRE em Educação – PUC/SP; Especialista em
Gestão da Escola – USP; MBA em Gestão Empreendedora – UFF; Neuropsicopedagogo;
Psicopedagogo e Pedagogo. Diretor da EE Valêncio Soares Rodrigues; Professor
universitário; Escritor; Palestrante, Host do PODSENA, Coach e Influencer
digital. Instagram: @cezar.sena
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