Cezar Sena[1]
Fiquei pensando por onde
começar a escrita deste artigo de opinião. Muitas ideias fervilharam em minha
cabeça. São tantas coisas que gostaria de compartilhar, afinal, acredito que o CONHECIMENTO só tem sentido se for para ser COMPARTILHADO.
Comecei a fazer
uma retrospectiva da minha carreira profissional como educador e logo veio o pensamento: como escrever sobre um assunto
que todos pensam entender e têm uma opinião já formada a respeito? Então,
decidi iniciar nossa conversa tentando provocar algumas reflexões no leitor a
respeito da educação.
Crescemos ouvindo
dos nossos pais que a educação é a maior herança; que precisamos estudar para
sermos alguém na vida; que a educação liberta; que devemos respeitar os
professores. São tantas as frases de efeito! Mas o que está acontecendo com a
educação do nosso país, onde essas frases parecem não fazer mais sentido para
essa nova geração?
Não tenho
respostas para essas indagações, mas proponho algumas reflexões. A primeira, é que não
devemos comparar a educação que tivemos com
a educação dos nossos filhos ou netos. O contexto é totalmente diferente. Naquela
época, a educação era para poucos, geralmente só o pai trabalhava fora para
sustentar a família e a mãe era dona de casa e tinha mais tempo para acompanhar
a vida escolar dos filhos, garantindo a rotina dos estudos, diferentemente dos
dias atuais. A segunda, é o modelo educacional, onde o professor era o transmissor de conhecimentos,
era a maior autoridade, o soberano do saber, com respostas prontas para as
perguntas, de acordo com o seu manual. Nesse modelo, o aluno tinha um papel
passivo diante da aprendizagem, o foco era a memorização dos conteúdos e que
não necessariamente precisava fazer sentido.
Hoje, o modelo
educacional vigente precisa levar em conta os modos como as pessoas aprendem.
Os conteúdos necessitam fazer sentido para os estudantes. Os pesquisadores
educacionais apontam que quando os alunos participam ativamente das aulas,
conseguem armazenar melhor as informações no cérebro, ampliando seus
conhecimentos.
Nas últimas
décadas, os educadores vêm sendo bombardeados com várias correntes pedagógicas
que tentam explicar a melhor maneira de ensinar os alunos. Cada uma com seu
“pacote” de receitas milagrosas, explicando os motivos que levam ao fracasso
escolar. Na mesma proporção, os
educadores nunca se sentiram tão perdidos diante de tantas opções. Antes,
tinham apenas um método a seguir, o “tradicional”, sabiam como lecionar, tinham
um “caminho suave” que guiava o seu fazer pedagógico. Seguiam o manual e se os
alunos não conseguiam aprender, a culpa era apenas destes, eram
responsabilizados pelo próprio fracasso. Neste modelo educacional, o professor
tinha sempre um plano pronto, um caminho pré-determinando, independente das
necessidades dos alunos.
No entanto, no
contexto atual, para que o professor possa ser considerado eficiente, é
necessário que todos os seus alunos aprendam. A escola e a prática pedagógica
precisam ser inclusivas, ou seja, levar em conta as reais necessidades dos
alunos. Neste sentido, os manuais “tradicionais” não dão mais conta. Essas
práticas devem ser contextualizadas, e levar em consideração os estilos de
aprendizagens dos alunos.
Assim, percebemos
que há um conflito no modelo educacional.
Podemos dizer que um é analógico (tradicional) e outro digital (contexto atual).
E não adianta querer impor nosso modelo antigo, acreditando ser melhor. Foi
melhor naquele contexto, isso não significa que será positivo para esta nova
geração. Insistir nessa teoria, é como querer abrir um disquete num aparelho de smartphone,
ou seja, impossível. Tecnologias incompatíveis.
Creio que seja possível a convivência harmônica entre as duas gerações:
analógica e digital, desde que haja um respeito recíproco. Com isso, não estou afirmando que o modelo
tradicional é ruim, pelo contrário, foi positivo naquele contexto. Necessitamos
adequar à realidade.
Penso que não
adianta esse saudosismo. O ‘seu’ tempo não voltará mais. É preciso compreender o contexto para poder atuar sobre
ele. Há pontos positivos e negativos nos dois contextos. Um aspecto
positivo que devemos resgatar e incentivar, é o respeito pela figura do
professor, resgatando sua autoridade e a disciplina no ambiente escolar. Quando
falo de autoridade, não quero dizer autoritarismo, onde o professor impõe sua
‘verdade”, mas a autoridade no sentido de RESPEITO.
Há um consenso que o professor dever ser respeitado, valorizado, no entanto,
muitas vezes, só fica no campo das intenções. A melhoria da educação passa necessariamente
pela valorização e respeito à atuação docente.
Outro aspecto
importante é a parceria entre família e escola. Ao conceber que a escola é a
instância integrante do todo social, sendo uma instituição que tem como
objetivo primordial desenvolver as potencialidades físicas, cognitivas e
afetivas dos alunos, por meio da aprendizagem dos conteúdos e para tornarem-se
cidadãos participativos na sociedade em que vivem, as
escolas são, pois, ambientes formativos. Isso significa que a
prática de organização e de gestão pode mudar os modos de pensar e de agir das
pessoas, isto é, tais práticas educam. Neste
sentido, é importante uma ação de parceria entre família e escola. Ambas as
instituições têm papeis constitucionais bem definidos na legislação brasileira.
Alguns pais delegam à escola toda a
responsabilidade na educação dos filhos, como se a única obrigação fosse a
matrícula. Assim, é
urgente e necessária a construção de uma relação entre escola e família – PARCERIA -, de modo que estabeleçam compromissos e acordos mínimos para que o
educando/filho tenha uma educação com qualidade, tanto em casa quanto na
escola. Espero ter contribuído no sentido de provocar reflexões, discussões. Dúvidas,
sugestões, críticas e elogios, deixe seus comentários, terei um grande prazer
em responder. Até o próximo artigo.
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