CEZAR SENA[1]
Você já observou que todos têm uma opinião a respeito de
como melhorar a educação? O fato é que não se faz educação séria com opinião,
mas com procedimentos teóricos e práticas validados cientificamente. Se fosse tão fácil assim, o Brasil não seria
um dos últimos países no ranking de educação do PISA (Programa Internacional de
Avaliação de Alunos, em português), com índices alarmantes de alunos com defasagem
na aprendizagem. Com esforços de todos e com técnicas validadas, é possível superar
essa defasagem dos estudantes.
Para superar essas problemáticas, as políticas públicas
educacionais devem considerar as diversas realidades, com investimento na
formação dos profissionais da educação, monitoramento da aprendizagem e
incentivo à participação dos responsáveis na vida escolar dos seus filhos.
É essencial que os profissionais da educação desenvolvam novos
hábitos, incorporando ao seu fazer pedagógico novas estratégias alinhadas ao
uso das tecnologias. O novo cenário educacional é digital; os
alunos são digitais. Um dos problemas é o conflito de gerações; alguns
profissionais da educação resistem a mudança, continuam analogicamente. Não adianta querer impor nosso
modelo antigo, acreditando ser o melhor. Foi melhor naquele contexto; isso não
significa que será para esta nova geração. Insistir nesses procedimentos é como
querer abrir um disquete num aparelho de smartphone:
impossível, porque são tecnologias incompatíveis. Além
disso, o processo educacional é um processo coletivo e ativo. As novas
pesquisas educacionais apontam para a aprendizagem coletiva e colaborativa.
Assim sendo, é preciso menos competição e mais colaboração!
Precisamos rever a
tentação de querer “importar” sucessos educacionais de outros países sem as
devidas adequações e contextualizações para a realidade brasileira. Foi assim
com o chamado “construtivismo” nos anos 90 e 2000 de Piaget e Emília Ferreiro; depois
as ideias do educador Português José Pacheco, por meio das quais os estudantes organizam-se
com base nos seus interesses, por projeto de pesquisa, e, por fim a “educação
finlandesa”, com seus valores e princípios fundamentados no humanismo e
universalismo, inclusão, equidade e descentralização. Todos esses modelos têm
aspectos positivos, mas, aplicados fora de contexto, não surtem os efeitos
esperados.
Penso que o equívoco
está justamente em querer fazer a transposição dos procedimentos validados em certo
contexto sócio-histórico e econômico, sem ponderar a realidade das escolas
públicas brasileiras. Nas
últimas décadas, os educadores vêm sendo bombardeados com várias correntes
pedagógicas que tentam explicar a melhor maneira de ensinar os estudantes. Na prática,
os educadores nunca se sentiram tão perdidos diante de tantas opções.
Para que o professor possa ser considerado eficiente, é
necessário que todos os seus alunos aprendam. A escola e as práticas pedagógicas
precisam ser inclusivas, adequando-se às reais necessidades dos estudantes, considerando os
estilos de aprendizage
Fonte: Revista Cidade Nova. Março de 2024 p38. www.cidadenova.org.br
[1] Mestre
em Educação – PUC/SP; Especialista em Gestão da Escola – USP; MBA em Gestão
Empreendedora – UFF; Neuropsicopedagogo; Psicopedagogo e Pedagogo. Diretor de
Escola Estadual. Professor universitário. Escritor e Palestrante. Insta: @cezar.sena
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