Valéria Tiusso Segre Ferreira
Clério Cezar Batista Sena
Resumo
Este artigo tem a finalidade de levar ao conhecimento de todos os profissionais da educação e áreas afins, como se dá a aprendizagem com foco neurocientífico em estudantes de fase escolar. Por qual motivo determinadas pessoas aprendem e outras não? A neurociência e o desvendar dos estudos dos cérebros na sala de aula podem, e muito, contribuir para uma educação mais justa e menos excludente, pois assim o educador tem a possibilidade de compreender melhor como ensinar, já que existem diferentes maneiras de se aprender. Neste caso, há uma importância muito grande do profissional ter uma boa capacitação para trabalhar na clínica ou instituição, pois deverá perceber e verificar as possíveis dificuldades apresentadas pela criança para intervir adequadamente durante o processo de ensino e aprendizagem.
Palavras-chave: Educação. Neurociência. Dificuldades. Aprendizagem.
1. INTRODUÇÃO
A escolha deste artigo foi devido às dificuldades que os profissionais apresentam em trabalhar com crianças e adolescentes no processo de aprendizagem tanto nas salas de aulas quanto nos consultórios. Sob a ótica neurocientífica, observa-se o funcionamento cerebral facilitando a identificação das possíveis dificuldades apresentadas. Os conhecimentos são construídos por meio da ação e da interação. Aprendemos quando nos envolvemos ativamente no processo de produção do conhecimento, por meio da mobilização de atividades mentais, e na interação com o outro.
O presente artigo abordará a ótica da neurociência, proporcionando o entendimento de que ensinar uma pessoa habilidades novas implica maximizar potencial de funcionamento de seu cérebro, estimulando as diferentes áreas cerebrais, a fim de desvendar com eficiência o desenvolvimento das potencialidades humanas e a capacidade de pensar.
2. CONCEITUANDO APRENDIZAGEM
A Aprendizagem é um processo de mudança de comportamento obtido através da experiência construída por fatores emocionais, neurológicos, relacionais e ambientais. Portanto podemos dizer que é um processo neuropsicocognitivo. Deve-se destacar a influência que toda a nossa bagagem tem sobre o aprendizado, ou seja, nossas experiências passadas, nossos sentimentos, nossas vivências e as situações sociais e ambientais nas quais se desenvolve o aprender. Nossa estrutura psíquica dá sentido aos processos perceptivos, enquanto a organização cognitiva sistematiza toda a informação recebida de uma forma muito pessoal de acordo com as experiências vivenciadas e as situações sociais onde elas se desenvolvem. (RELVAS, 2010)
Os seres humanos precisam de contínuas aprendizagens que começam a ocorrer a partir da gestação. Aprender é vital para sobreviver. Frequentemente pensamos que o aprendizado está relacionado apenas em ler e escrever, mas sobre tudo o aprender é o caminho para atingir o crescimento, a maturidade e o desenvolvimento como pessoas num mundo organizado; as interações com o meio nos permitem a organização do conhecimento.
A educação como interatividade contempla tempos e espaços novos, diálogo, problematização e produção própria dos educandos. O professor exerce a função de mediador das construções de aprendizagem. E mediar é intervir para promover mudanças. Como mediador, o docente passa a ser comunicador, colaborados e exerce a criatividade do seu papel de coautor do processo de aprender dos alunos.
Na relação desse novo encontro pedagógico, professores e alunos interagem usando a responsabilidade, a confiança e o diálogo, fazendo a auto-avaliação das usas funções. Isto é fundamental, pois nesse encontro, professor e aluno vão construindo novos modos de se praticar a educação. (PEREIRA, 2012, p.12)
2.1 CONHECENDO O CÉREBRO
O cérebro é o órgão mais complexo do corpo: uma massa esponjosa rosada composta de bilhões de células nervosas microscópicas reunidas em uma rede eletrônica. Cada parte tem seu próprio trabalho, mas a parte maior, chamada córtex cerebral, é a responsável pelos pensamentos e ações.
Ao aprender o cérebro entra em atividade e ocorre uma série de mudanças físicas e químicas. Para compreender seu funcionamento é importante conhecer sua estrutura e alguns fatores ambientais que influenciam o seu desenvolvimento. Os neurocientistas estudam a anatomia, a fisiologia, a química e a biologia molecular do sistema nervoso enfocando seu interesse na atividade cerebral relacionada com o comportamento e a aprendizagem.
De acordo com Pereira (2012) o cérebro realiza muitas tarefas importantes como:
• Controlar a temperatura corporal, pressão arterial, frequência cardíaca e a respiração;
• Aceita milhares de informações vindas dos nossos vários sentidos (visão, audição, olfato);
• Controla os nossos moimentos físicos ao andarmos, falarmos, ficarmos de pé ou sentarmos;
• Deixa-nos pensar, sonhar, raciocinar e sentir emoções.
Todas estas tarefas são coordenadas, controladas e reguladas por um órgão que tem mais ou menos o tamanho de uma pequena couve-flor, o cérebro. O estudo científico do cérebro e do sistema nervoso chama-se neurociência.
2.2 ANATOMIA DA APRENDIZAGEM
Em uma visão neurobiológica da aprendizagem, pode-se dizer que, quando ocorre a ativação de uma área cortical, determinada por um estímulo, provoca alterações também em outras áreas, pois o cérebro não funciona como regiões isoladas. Isto ocorre em virtude da existência de um grande número de vias de associações, precisamente organizadas, atuando nas duas direções. Estas vias podem ser muito curtas, ligando áreas vizinhas que trafegam de um lado para outro sem sair da substância cinzenta. Outras podem constituir feixes longos e trafegam pela substância branca para conectar um giro a outro de um lobo a outro, dentro do mesmo hemisfério cerebral: são as conexões intra-hemisféricas. Por último existem feixes comissurais que conduzem a atividade de um hemisfério para outro, sendo o corpo caloso o mais importante deles. (WOODWARD, 2010).
As associações recíprocas entre as diversas áreas corticais asseguram a coordenação entre a chegada de impulsos sensitivos, sua decodificação e associação, até a atividade motora de resposta. A esta, chamamos de funções nervosas superiores, desempenhadas pelo córtex cerebral onde se encontra o entendimento e a razão responsável pela linguagem, percepção, emoção, cognição, memória. (FERREIRA, 2005)
2.3 O PAPEL DAS FUNÇÕES NERVOSAS SUPERIORES
De acordo com Relvas (2010), as funções nervosas superiores são responsáveis pelas seguintes funções:
• Lobo Frontal: fala, função motora e psicomotora, escrita, memória imediata, seriação, ordenação, planificação, programação, mudança de atividade mental, excritínio e exploração visual, tarefas visuoposturais, julgamento social, controle emocional, motivação, estruturação espaço-temporal, repertório práxico, controle e regulação próprio-exteroceptiva.
• Lobo Temporal: estímulos auditivos, não verbal e verbal, percepção auditivo-verbal e visual, memória auditiva, interpretação pictural, interpretação espaço-temporal, discriminação e sequencialização auditiva, integração rítmica.
• Lobo Occipital: estimulação visual, percepção visual, sequencialização visual, rotação e perseguição visual, decodificação visual com participação de outros centros do cérebro, figura fundo, posicionamento e relação espacial.
• Tronco Encefálico: atenção, vigilância, integração neurossensorial motora, integração vestibular, integração tônica.
• Cerebelo: coordenação de movimentos automáticos e voluntários, segurança, proprioceptividade, regulação de padrões motores.
2.4 OS NEURÔNIOS E AS SINAPSES
A formação dos neurônios começa no embrião durante a gestação. Aos quatro meses de gestação já se formaram aproximadamente 200 milhões de neurônios. Quase a metade desses neurônios será eliminada num breve lapso de tempo por não conseguirem estabelecer uma conexão com os outros neurônios. Este processo de eliminação de neurônios está geneticamente programado para prevenir uma superpopulação de neurônios sem conexão.
Após o nascimento, o cérebro ganha mais ou menos dois terços do peso que terá o cérebro adulto. O cérebro de um recém-nascido estabelece milhões de conexões à medida que a criança vai assimilando seu entorno. Quanto mais estimulante for o entorno, maior o número de sinapses que serão estabelecidas e, portanto a aprendizagem ocorrerá mais facilmente e será mais significativa. (GÓMEZ&TERAN, 2009)
Os neurônios são responsáveis pela recepção, interpretação, produção e condução de impulsos nervosos de um sistema para outro. De acordo com Ferreira (2005) existem três tipos de neurônios que diferem, não só na função como na sua constituição:
• Neurônios sensitivos periféricos: transmitem informações.
• Neurônios motores periféricos: responsáveis pelo desencadeamento da contração muscular, provocando movimento pelo tônus muscular.
• Neurônios de associação: responsáveis em interpretar, avaliar e decodificar os estímulos recebidos, fornecendo uma resposta elaborada para ser efetivada pelo neurônio motor ou efetor periférico.
Estes diferentes tipos de neurônios se organizam de forma funcional e hierárquica a fim de permitir ao SNC estabelecer sua função primordial sensitivo-motor-sensitivo. (FERREIRA, 2005).
Além de ser a infância o período muito mais rico em sinapses que qualquer outro período da vida de um ser humano, embora a plasticidade cerebral aconteça eternamente no homem, o que por si só já explicaria a pertinência das múltiplas linguagens na sala de aula da educação infantil, também há de se considerar que é nesta fase que as crianças ainda podem contar com espaços apropriados, como centros de educação infantil, onde vivencia as mesmas estimulações com outras crianças, tornado-se células ricas e dinâmicas, prontas para desempenhar o melhor tipo possível de educação, aprendizagem e crescimento intelectual. (ALMEIDA, 2012).
2.5 APRENDIZAGEM E MUDANÇAS NO CÉREBRO
Até há pouco tempo, os neurocientistas acreditavam que, uma vez concluído o seu desenvolvimento, o cérebro era incapaz de mudar, particularmente em relação às células nervosas, ou neurônios. Aceitava-se o dogma segundo o qual os neurônios não podiam auto-reproduzir-se ou sofrer mudanças significativas quanto às suas estruturas de conexão com os outros neurônios. As consequências práticas dessas crenças implicavam que partes lesionadas do cérebro, como aquelas apresentadas por vítimas de tumores ou derrames, eram incapazes de crescer novamente e recuperar, pelo menos parcialmente, as suas funções e que também, a experiência e a aprendizagem podem alterar a funcionalidade do cérebro, porém não a sua anatomia.
As pesquisas dos últimos 10 anos têm revelado um quadro inteiramente diferente. Em resposta aos jogos, estimulações e experiências, o cérebro exibe o crescimento de conexões neuronais, com aumento expressivo nas ramificações dos seus dentritos e das interconexões em outras células. Mediante isto vemos a importância dos estímulos. A neurociência nos traz um novo conceito do aluno na sala de aula e paciente na clinica – o sujeito cerebral. É aquele que pensa, dialoga, e usa a sua linguagem como ferramenta principal nos processos de aprendizagem. O professor ou terapeuta deve então tratá-lo como único na sua singularidade dentro da pluralidade de sala de aula. Os nossos cérebros são únicos e sofrem alterações conforme aprendemos, tornando-se atores principais nesse processo de estimulação. Este é o motivo de entendermos as dimensões, capacidades, necessidades e limitações do sujeito cerebral. (PEREIRA, 2012).
As atividades dos neurônios geram um mundo interno que se adapta e se modifica à medida que interagem com o meio ambiente, sendo que os nossos cinco sentidos (tato, gustação, visão, olfato e audição) constituem o elo de comunicação. A evolução, a experiência e a sobrevivência humanas são determinadas pelas constantes trocas de mensagens e respostas, remodelando ambos para fins de adaptação, posto que a pluralidade cultural desencadeia mudanças no cérebro. A cada nova vivência, experiência e aprendizado, novas conexões neurais são acrescentadas.
Chamamos de plasticidade neural as capacidades adaptativas do sistema nervoso cerebral para modificar ou remodelar sua organização estrutural em função das experiências do sujeito, reformulando suas conexões em virtude das necessidades e dos fatores do meio ambiente. A plasticidade cerebral pode ser aplicada à educação. A aprendizagem é uma plasticidade cerebral. Quando escutamos uma noticia ou lemos um jornal, executamos atividades que modificam nosso cérebro. Ao assimilarmos um novo conceito, é porque houve modificação em algum nível sináptico ou estrutural. É uma aprendizagem que exercitamos dia a dia, processo muito amplo que envolve diversos aspectos, principalmente na área de formação de novas sinapses, novos contatos e na formação de novos neurônios. (RELVAS, 2012).
2.6 CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA APRENDER
A aprendizagem é uma função integrativa, na qual se relacionam o corpo, a psique e a mente para que o sujeito possa apropriar-se da realidade de uma forma particular. Sendo assim compreendemos que cada sujeito terá sua forma particular de processamento de informação, que não depende somente do cerebral, mas também está arraigado no psíquico. Esta estrutura psíquica é o que chamamos de afetividade. Portanto o desenvolvimento cognitivo se transforma conforme a interação que o sujeito estabelece com outros seres humanos, permitindo-lhe algumas manifestações simbólicas como a linguagem e o pensamento. Com esta interação constante o sujeito constrói sua aprendizagem envolvida numa atividade funcional com sentido e organização.
Desta forma, segundo Gomez & Teran (2009), levando em consideração as bases neurofuncionais e os processos psicológicos, podemos citar os processos neuropsicológicos que intervêm na aprendizagem:
• Gnosias ou processamento perceptivo: reconhecimento de um objeto de forma sensorial (visual, olfativo, auditivo, tátil).
• Praxias ou processamento psicomotor: execução de atos voluntários aprendidos durante a vida (comer, vestir, escrever, caminhar, etc.). O processamento psicomotor se dá em três dimensões.
• Motora - equilíbrio, tonicidade, controle e dissociação de movimentos.
• Cognitiva - noção de tempo e espaço.
• Afetiva - está relacionada à forma como cada um aprende.
• Atenção- condição básica para o funcionamento dos processos cognitivos para a recepção dos estímulos.
• Memória- processo que possibilita recordar a transmissão do conhecimento construído.
• Pensamento - capacidade psicocognitiva para resolver problemas
• Linguagem – capacidade especificamente humana para aquisição e utilização de sistemas complexos de comunicação.
2.7 EMOÇÕES E SENTIMENTOS
Atualmente o espaço escolar precisa se tornar um local para educação emocional. Ou aprendemos a educar as emoções dos nossos educandos ou infelizmente nosso cenário escolar será de violência e agressividade.
Tanto emoções e os sentimentos podem ser explicados no córtex cerebral, local responsável pela tomada de consciência das emoções, nosso organismo manifesta alterações orgânicas compatíveis. São respostas do sistema nervoso autônomo (SNA) ou vegetativo e, por isso, são chamadas de respostas autonômicas.
Para a ocorrência dessas respostas autonômicas, do sistema nervoso central, sejam elas endócrinas, vegetativas (palpitação, sudorese etc), ou motoras, há necessidade de um comando neurológico. Para tal, quem entra em ação são as porções subcorticais (abaixo do córtex) do sistema nervoso, tais como: a amídala, o hipotálamo e o tronco cerebral. Essas respostas são importantes, pois preparam o organismo para a ação necessária e comunica nossos estados emocionais ao ambiente e às outras pessoas.
O sistema límbico comanda certos comportamentos necessários à sobrevivência de todos os mamíferos, que cria e modula funções mais específicas, as quais permitem ao animal distinguir entre o que lhe agrada ou desagrada. Desenvolvem-se nesse sistema funções afetivas como aquela que induz as fêmeas a cuidarem de suas crias ou desenvolver comportamentos lúdicos como gostar de brincar. Emoções e sentimentos como ira, pavor, paixão, amor, ódio, alegria, tristeza, são criações mamíferas oriundas do sistema límbico.
Hoje se pode reconhecer que o processo de aprendizagem de cada pessoa está associado à construção de pontes entre a objetividade e a subjetividade, entre o ser que observa e o ser observado, e vice-versa, entre o saber e o não saber, entre os seres que coexistem e juntos, se humanizam e trocam saberes. Essa é a relação e a reação dos sentimentos e das emoções vividas em sala de aula, sob olhares dos professores e estudantes que fazem parte destas relações que pulsam dentro de cada um de nós, que é a busca do conhecimento e de um novo saber. (RELVAS, 2012)
Emoções podem parecer sentimentos conscientes, mas são “movimentos internos” – respostas psicológicas aos estímulos, destinadas a nos afastar do perigo e nos aproximar da recompensa. São geradas constantemente, mas em geral não temos consciência disso. (CARTER, 2012, p.124)
Henri Wallon foi um dos primeiros a levar não só o corpo da criança mas também suas emoções para dentro da sala de aula. Fundamentou suas ideias em quatro elementos básicos que se comunicam o tempo todo: a afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do eu como pessoa. Militante apaixonado (tanto na política como na educação), dizia que reprovar é sinônimo de expulsar, negar, excluir, ou seja, a própria negação do ensino. Dizia ele:
As emoções têm papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. É por meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades. Em geral são manifestações que expressam um universo importante e perceptível, mas pouco estimulado pelos modelos tradicionais de ensino. (WALLON, 1989, p. 159)
2.8 DISTÚRBIOS E DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
O Distúrbio de Aprendizagem afeta o modo pelo qual a criança com inteligência média, ou acima da média, recebem, processam ou expressam informações e se mantém por toda a vida. Isso prejudica a habilidade para aprender habilidades básicas em leitura, escrita e matemática. É uma desordem neurobiológica na qual o cérebro da pessoa trabalha ou é estruturado de uma maneira diferente. (SAMPAIO,2011).
A Dificuldade de Aprendizagem, não envolvem problemática orgânica. Os sujeitos portadores destas dificuldades, com certeza apresentam também dificuldades em outras áreas de sua vida, não somente escolar. Geralmente são insatisfeitos, com baixa estima, suscetíveis a críticas, acreditando não resolver nenhuma situação problema ou aversiva, mesmo fora do ambiente escolar. Essa transformação neurológica se dá por falta de estimulação das células nervosas e deteriorização das sinapses, condutoras de estímulos. (CHAMAT,2008)
Atualmente os avanços e descobertas na área da Neurociência, aliados ao sonho dos neurocientistas de poder ver o cérebro humano em plena atividade, permitiram o desenvolvimento e novas tecnologias, como neuroimagem, que ajudaram os pesquisadores a aprofundar os conhecimentos sobre os processos neurofuncionais, Foram esses estudos que permitiram a compreensão de como a aprendizagem modifica de acordo com as mais diferentes situações de aprendizagem, reorganizando-se de forma contínua e flexível. Isso ocorre, por exemplo, quando o cérebro aprende por meio da experiência e da estimulação, em um processo que acrescenta ou elimina as conexões entre as células, causando mudanças na quantidade de substâncias químicas (neurotransmissores) que exercem a função de transmitir mensagens ou quando o funcionamento de uma determinada área cerebral se torna mais ativo. (GÓMEZ&TERAN, 2009)
Assim, nesse processo onde cada estrutura exerce uma função específica no processo de aquisição de aprendizagem, estabelecendo conexões e atribuindo significado às informações, faz-se necessário que haja integridade entre essas funções as quais são: piscodinâmicas, sistema nervoso periférico, e central. Podemos considerar que qualquer fator que venha alterar o curso natural desse processo resultará em um problema na aquisição da aprendizagem escolar. (SAMPAIO,2011).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não foi possível abranger todas as questões neurocientíficas e nem detalhes de cada distúrbio ou dificuldade de aprendizagem. Entretanto foi explanada uma visão geral de como acontece à aprendizagem, o que pode dificultar e a importância do conhecimento neurocientífico neste processo.
Os conhecimentos são construídos por meio da ação e da interação. Aprendemos quando nos envolvemos ativamente no processo de produção do conhecimento, por meio da mobilização de atividades mentais, e na interação com o outro. A emoção, em suas diferentes manifestações, moldada e associada à razão, deve ser usada em favor da aprendizagem, pois o emocional e o racional são parte de uma mesa realidade – o desenvolvimento e o crescimento do homem.
Conhecer os distúrbios e dificuldades de aprendizagem é uma necessidade do professor que recebe alunos com as mais diferentes necessidades. A inclusão tornou-se obrigatória nas escolas, mas nem todos estão preparados e ficam inseguros em como lidar com o aluno que necessita de cuidados diferenciados.
A neurociência e o desvendar dos estudos dos cérebros na sala de aula podem, e muito, contribuir para uma educação mais justa e menos excludente, pois assim o educador tem a possibilidade de compreender melhor como ensinar, já que existem diferentes maneiras de se aprender.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA.G. Neurociência e Sequência Didática para Educação Infantil. Rio de Janeiro: Wak, 2012
CARTER.R. O livro do Cérebro.Rio de Janeiro: Agir,2012
CHAMAT.L. Técnicas de Intervenções Psicopedagógicas. São Paulo: VETOR, 2008
FERREIRA,V. O que todo professor precisa saber sobre neurologia. São Paulo: Pulso, 2005
GÓMEZ,A.M.S.;TÉRAN,N.E. Dificuldades de Aprendizagem: detecção e estratégias.Rio de Janeiro : Grupo Cultural, 2009
PEREIRA.R. Programa de Neurociência: intervenção em leitura e escrita. Portugal: Psicossoma, 2012
RELVAS,M. Neurociência e Educação, potencialidades dos gêneros humanos na sala de aula. Rio de Janeiro: WAK ,2010
RELVAS,M. Neurociências e Transtornos de Aprendizagem. Rio de Janeiro: WAK ,2011
RELVAS,M. Neurociência e Prática Pedagógica. Rio de Janeiro: WAK ,2012
SAMPAIO.S. Transtornos e Dificuldades de Aprendizagem. Rio de Janeiro: Wak, 2011
WALLON, H. A Origem do Pensamento da Criança. Rio de Janeiro: Manole, 1989
WOODWARD.J. Jogos e Treinamento de Inteligência. São Paulo: Girassol, 2010
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