A
partir das observações dos atendimentos dos alunos encaminhados para a direção,
percebi algumas possíveis causas desses atos: famílias desorganizadas, não
aceitação pelo grupo, preconceito, ansiedade, falta de diálogo e de empatia,
dificuldades de seguir regras e combinados etc. Esses fatos costumam gerar
consequências como baixo desempenho acadêmico, aumento de atos de indisciplina e
de vandalismo provocados pela intolerância, além de falta de rotina e de
comprometimento com os estudos. Os alunos perceberam que não precisam se
esforçar muito para “passar de ano”, pois nos últimos dois anos foram aprovados
estudando o mínimo possível, e que não “pega” nada, devido à falta de punição.
O
problema está posto. Não adianta procurar culpados ou desculpas. A violência nas
escolas é responsabilidade de todos, pois sabemos que a escola é reflexo da
sociedade. É a sociedade que está violenta, intolerante e caótica. Como
educador, acredito no poder transformador da educação. Esta transformação
acontece a partir de um trabalho sistemático e colaborativo, focado na melhoria
da convivência e do clima escolar positivo, numa atitude de acolhimento e de
corresponsabilidade. Em seu livro Eu controlo como me sinto: como a neurociência
pode ajudar você a construir uma vida mais feliz (editora Planeta, 2021), a
neurocientista Claudia Feitosa-Santana afirma que “não é possível enxergar
emoções, pensamentos e sentimentos dos outros com as lentes que usamos para ler
nossas próprias emoções, pensamentos e sentimentos”.
Portanto, precisamos
aprender a escutar ativamente e a acolher sem julgar ou dar lições de moral. E
muito menos minimizar ou desqualificar o sentimento do outro. Pois cada um age e
reage aos estímulos a partir do seu estado emocional. O respeito e a valorização
das diferenças são essenciais para a convivência harmoniosa e solidária.
Cezar Sena - Mestre em Educação – PUC/SP; Especialista em Gestão – USP;
MBA em Gestão Empreendedora – UFf; Diretor de Escola Estadual e Prof.
Universitário. Insta: @cezar.senaoficial / Youtube: Cezar Sena
Teria a sociedade desenvolvido um comportamento hostil devido o isolamento? Teríamos perdido, em algum momento, o senso de viver em sociedade? Teria o isolamento despertado em nós os instintos ancestrais, de quando o homem vivia como um animal irracional e vivia limitado aos seus ( família) quando via qualquer outro ser como inimigo?
ResponderExcluirSuas questões são relevantes e necessárias para uma refexão. No entanto ainda não temos uma resposta pontual para elas. No entanto, há algumas pistas - parece que de fato o isolamento no período da pandemia deixou sequelas enormes nos adolescentes..
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