terça-feira, 21 de junho de 2022

A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS É RESPONSABILIDADE DE TODOS

Desde o retorno às aulas presenciais no ano passado, verificou-se um aumento considerável da violência no contexto escolar. Naquele momento achou-se que seria um fenômeno pontual, que esses atos diminuiriam na medida do aumento da convivência entre os alunos. Mas não foi o que aconteceu. Com o tempo, os atos violentos aumentaram. Diariamente verificamos nos telejornais e mídias sociais casos de agressão no ambiente escolar. Presenciei violência gratuita por parte de alunos que não faziam parte do grupo dos “bagunceiros”. Depois do ocorrido, ficavam surpresos com as consequências do “sem querer” ou “ele que começou”. 

A partir das observações dos atendimentos dos alunos encaminhados para a direção, percebi algumas possíveis causas desses atos: famílias desorganizadas, não aceitação pelo grupo, preconceito, ansiedade, falta de diálogo e de empatia, dificuldades de seguir regras e combinados etc. Esses fatos costumam gerar consequências como baixo desempenho acadêmico, aumento de atos de indisciplina e de vandalismo provocados pela intolerância, além de falta de rotina e de comprometimento com os estudos. Os alunos perceberam que não precisam se esforçar muito para “passar de ano”, pois nos últimos dois anos foram aprovados estudando o mínimo possível, e que não “pega” nada, devido à falta de punição. 

O problema está posto. Não adianta procurar culpados ou desculpas. A violência nas escolas é responsabilidade de todos, pois sabemos que a escola é reflexo da sociedade. É a sociedade que está violenta, intolerante e caótica. Como educador, acredito no poder transformador da educação. Esta transformação acontece a partir de um trabalho sistemático e colaborativo, focado na melhoria da convivência e do clima escolar positivo, numa atitude de acolhimento e de corresponsabilidade. Em seu livro Eu controlo como me sinto: como a neurociência pode ajudar você a construir uma vida mais feliz (editora Planeta, 2021), a neurocientista Claudia Feitosa-Santana afirma que “não é possível enxergar emoções, pensamentos e sentimentos dos outros com as lentes que usamos para ler nossas próprias emoções, pensamentos e sentimentos”. 

Portanto, precisamos aprender a escutar ativamente e a acolher sem julgar ou dar lições de moral. E muito menos minimizar ou desqualificar o sentimento do outro. Pois cada um age e reage aos estímulos a partir do seu estado emocional. O respeito e a valorização das diferenças são essenciais para a convivência harmoniosa e solidária. 

Cezar Sena - Mestre em Educação – PUC/SP; Especialista em Gestão – USP; MBA em Gestão Empreendedora – UFf; Diretor de Escola Estadual e Prof. Universitário. Insta: @cezar.senaoficial / Youtube: Cezar Sena

2 comentários:

  1. Teria a sociedade desenvolvido um comportamento hostil devido o isolamento? Teríamos perdido, em algum momento, o senso de viver em sociedade? Teria o isolamento despertado em nós os instintos ancestrais, de quando o homem vivia como um animal irracional e vivia limitado aos seus ( família) quando via qualquer outro ser como inimigo?

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  2. Suas questões são relevantes e necessárias para uma refexão. No entanto ainda não temos uma resposta pontual para elas. No entanto, há algumas pistas - parece que de fato o isolamento no período da pandemia deixou sequelas enormes nos adolescentes..

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